O Tropicalismo Digital

Existe algo de tropicalista no cinema brasileiro hoje?
Conversamos com Marco Vale, Fábio Camarneiro e Ninho de Moraes para saber.

Desencadeado na música pelos cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso, o movimento tropicalista não ficou restrito ao campo musical. Embora não tenha repercutido no cinema com a mesma força que na música ou no teatro, o tropicalismo influenciou a sétima arte. “O exemplo mais óbvio para perceber essa influência é o Macunaíma”, explica o professor de cinema da Faculdade Cásper Líbero, Marco Vale, a respeito do filme de Joaquim Pedro de Andrade. “O diretor faz um filme sintonizado com esse grande carnaval cultural que o tropicalismo propunha”. Mas será que a influência do tropicalismo ficou restrita ao Cinema Novo?

A relação entre cinema e tropicalismo é profunda, pois o filme Terra Em Transe, de Glauber Rocha, durante o movimento do Cinema Novo, serviu como grande inspiração para o Tropicalismo. “A influência age em uma certa representação alegórica de mitos da nossa cultura, de influências estéticas da cultura brasileira, só que numa representação carnavalizada”, explica o professor Marco Vale. Ele exemplifica essa carnavalização com a mistura de carnaval e política e o sincretismo das músicas no filme, que iam do erudito de Villa-Lobos à música de candomblé. “Essa mistura, a estética barroca do Glauber, vai fazer a cabeça dos tropicalistas”.

O tropicalismo, entretanto, não compactua da solenidade e seriedade do filme de Glauber. “O movimento pega essa coisa carnavalesca e se permite a ser alegre”, explica Vale. Essa atitude já está presente, por outro lado, em Macunaíma. Marco relembra uma cena do filme, “engraçadíssima”, em que o anti-herói apanha de sua mulher guerrilheira, enquanto toca uma canção de Roberto Carlos, É Papo Firme. “Isso é muito tropicalista, até porque o tropicalismo propõe um resgate, uma valorização de uma cultura pop”.

Mas mesmo Macunaíma não foi tão influenciado pelo tropicalismo como os filmes do Cinema Marginal, que reuniu obras de baixo-orçamento que surgiram na região central de São Paulo, conhecida como “boca do lixo”. O principal exemplo é O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, no qual o diretor se apropria de um grande leque de influências culturais: filmes de diretores consagrados, como Orson Welles (Cidadão Kane) e Fritz Lang (Metrópolis), até os filmes de quinta categoria que o personagem vê no cinema, comendo uma espiga. “É uma provocação, ao invés de comer a pipoca, ele come a espiga. É um antropofágico, né?”, comenta Vale. O diálogo com a cultura popular é o que torna o filme totalmente tropicalista. “O tropicalismo também fazia esses resgates, pegar o que era visto como lixo cultural e trazer de volta para uma leitura sem preconceitos”.

Atualmente, Marco não enxerga uma continuidade desse diálogo no cinema brasileiro. “A gente não tem um Pedro Almodóvar”, comenta em referência ao cineasta espanhol de Fale Com Ela, que faz sua arte se inspirando nos melodramas mexicanos e norte-americanos mais bregas.

Já o crítico de cinema Fábio Camarneiro acredita que a influência do tropicalismo no cinema brasileiro é grande, mas está diluída. “Ela precisa ser repensada, porque o momento histórico é totalmente outro”, comenta. Ele afirma que ser “tropicalista” hoje e naquela época são duas coisas “completamente distintas e talvez até incompatíveis”.

Entretanto, com algum esforço, Camarneiro consegue aproximar da estética tropicalista alguns filmes como Árido Movie, de Lírio Ferreira, Billi Pig, de José Eduardo Belmonte, e Amarelo Manga, de Cláudio Assis, devido a uma mistura de elementos tradicionais e uma linguagem pop. “Porém poderíamos pensar nesses filmes a partir de elementos do Mangue Beat (no caso dos filmes pernambucanos) ou de uma estética kitsch (no caso de Billi Pig), e acho que os resultados seriam mais interessantes”, afirma.

Recentemente, o tropicalismo foi tema de dois documentários. Entre eles, O Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now, dirigido por Ninho de Moraes e Francisco Cesar Filho. Segundo Ninho, o seu filme tenta ser tropicalista na montagem. “É engraçado que muita gente falou isso: não é um filme sobre tropicalismo, é um filme tropicalista”, comenta o cineasta. “Eu queria muito escapar de fazer um filme histórico, de lembranças”, revela. O motivo? “Aquelas ideias lançadas pelos tropicalistas em 67 só são possíveis de realizar nos anos 2000, com a chegada do digital e da internet”. Para Ninho, o tropicalismo é quase um movimento digital: “o tropicalismo prenunciava a unificação de todas as culturas”. O movimento incorporou para si manifestações do cinema, das artes plásticas, da música, do teatro, sem existir a internet. “Hoje tudo isso é mais possível ainda”. A herança está mais presente nas brincadeiras e provocações que circulam na web.

Ninho acredita que hoje se pode achar alguns filmes que façam essa união de manifestações culturais diferentes. O novo longa-metragem de Juliana Rojas, Sinfonia da Necrópole, talvez seja um deles: “ainda não estreou, mas acho que pode ser um filme tropicalista, pois é um musical e um terror feito no Brasil”. Assim como Camarneiro, ele também destaca as obras de Cláudio Assis e Lírio Ferreira: “Todos os filmes do Recife têm uma forte influência tropicalista. E lá no nordeste, o Mangue Beat tem muita influência também”.

|  Ana Cristina Silva, Débora Fiorini e Gabriel Fabri
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