Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio
Para algo fazer sucesso durável no mundo de hoje, é necessário mais do que criatividade, mais do que ser original: é necessário se re-inventar. Mas o quanto uma franquia lucrativa sobre carros pode ter de novo após quatro seqüências? Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio (Fast Five) apostou em deixar os carros em segundo plano e mover a ação dos EUA para a cidade maravilhosa. E deu certo?
Se no 4º filme as rachas de carros já tinham (quase) ficado de lado, aqui elas só aparecem para lembrar a origem das aventuras do bandido Dominic Toretto (Vin Diesel), de sua irmã Mia (Jordana Brewster) e do agora ex-policial Brian O’Conner (Paul Walker). Após a rápida e dispensável cena inicial, onde Dominic é resgatado da prisão em meio a uma intervenção fantasiosa dos seus parceiros durante uma transferência de prisioneiros, os fugitivos mais procurados buscam refúgio nas favelas do Rio de Janeiro. Logo, se metem num trabalho que dá errado e resolvem tentar derrubar o chefão que controla todas as favelas do Rio de Janeiro: com um time de novos personagens, eles preparam um plano de alto risco e ainda têm que lidar com o FBI, que os perseguirá por todos os cantos da cidade.
Os grandes problemas do filme são os que devem ter passado despercebidos pelo mundo todo, exceto por aqui. Logo no início, a primeira grande seqüência de ação se passa num trem no meio do DESERTO de Porto Rico do Rio de Janeiro: o trem carrega carros de corrida que devem ser roubados pelo casal principal (sem o personagem de Vin Diesel, por enquanto), além de passageiros, entre eles dois agentes do FBI. Se isso já não bastasse, logo em seguida o grande vilão do filme resolve dar uma aula de história do Brasil e conta como os espanhóis foram massacrados pelos índios a quinhentos anos atrás, para depois virem os portugueses com presentes para os nativos. E a trilha sonora, quase 100% brasileira, tem funk carioca cantando ‘popozuda, popozuda’ no meio de uma corrida de carros (uma das poucas rachas do filme), o que chega a ser risível. Apesar dessas, é preciso ressaltar que o Rio foi muito bem montado em Porto Rico, onde a maioria das cenas foram filmadas: parecem que todas as tomadas foram realmente feitas aqui no Brasil.
Fora os foras que os gringos deram com os brasileiros, o filme ainda conta com o fator ‘nada do que está na tela poderia acontecer de verdade’. Algumas cenas chegam a beirar o ridículo de tão improváveis e fazem com que o filme não possa ser levado a sério tanto quanto 2012 não foi. Entretanto, isso já era algo de se esperar pra um filme de ação hollywoodiano e, embora impossíveis, as seqüências de ação são de tirar o fôlego, principalmente a perseguição a pé na favela e as cenas do clímax. Só faltou uma corrida de carros nos morros cariocas pra o filme ser mais eletrizante e ainda mais surreal.
Não é preciso ter um roteiro filosófico ou muito genial para se fazer um bom filme de ação e quem fez Velozes 5 tem plena consciência disso. Porém, mais importante que ser bem dirigido (e isso inclui cenas de ação alucinantes), o roteiro deve reservar algumas reviravoltas, mas aqui há poucas. Há, na verdade, apenas duas, o que leva o filme a ser menos interessante.
Em suma, apesar dos furos com os brasileiros, da falta de surpresas e do exagero de seqüencias pouco prováveis, Fast Five é quase o melhor filme da franquia, só perdendo para o quarto. Não que seja grande coisa, pois os primeiros não são bons, mas a aposta no Rio como cenário e os carros em segundo plano funciona na hora de divertir quem assiste. O importante nesse filme é se divertir, e para por ai.
Grande crítica,Gabriel!Seus textos sao tao bons quanto os filmes que voce comenta,nessa caso muito melhor.Continue assim!
gostei da argumentação 🙂 não sei se vou assitir o filme no cinema, mas provavelmente vou assiti-lo para me divertir hahahahah
Fiquei com medo de assistir o filme agora, mas quero conferir, afinal não estou esperando nenhuma mensagem filosófica em um filme de ação, boa crítica.