Meia-Noite Em Paris

            A geração do século XXI não conhece muito Woody Allen. Para alguns, é apenas algum diretor velho que fez muito sucesso, enquanto para outros esse é apenas um dos muitos nomes que se ouve de adultos sem o menor interesse de saber quem é. Limitado nos EUA com lançamentos de pequenas circulações, o que muita gente está perdendo é talvez um dos melhores e mais marcantes diretores do cinema e, que desde que iniciou sua carreira em 1965, vêm trazendo obras memoráveis que são cultuadas até hoje.
            Se Allen não atrai mais uma grande massa de espectadores, ele pelo menos continua a ativa trazendo filmes ora interessantes, ora malucos, ou ambos. Aproveitando a liberdade criativa total que possui para realizar seus filmes, o diretor ultimamente vem abandonando um pouco Nova York e percorrendo o mundo, ambientando suas tramas nos lugares mais tradicionais, opostos as histórias criativas que cria. E um belo exemplo disso é o novo longa ‘Meia-Noite Em Paris’ (Midnight In Paris), um dos destaques do 64º Festival De Cannes.
            O filme acompanha a história de Gil (Owen Wilson) que vai à Paris com sua noiva Inez (Rachael McAdams). Ele é um roteirista de Hollywood que escreveu um livro e está confiante de que fará sucesso, mas tem vergonha de mostrá-lo até para sua futura esposa. Sua maior ambição é morar em Paris e viver naquela cidade maravilhosa e sonha acordado com a Paris dos anos 20, desejando ter vivido lá naquela época. Porém, um dia a meia-noite sua vida muda quando misteriosamente entra numa carruagem e parte numa noite cheia de classe, onde conhece alguns de seus ídolos como Hemingway. Seria perfeito, se não fosse por um detalhe: eles não estavam mortos?
             Assim, o que parecia ser uma história sobre amor por uma cidade idealizada desde a Belle Epoqué acaba se tornando uma divertida fantasia que transgride entre o presente e o passado na Cidade Das Luzes. Somos então mergulhados a uma interessante mistura de duas épocas numa Paris retratada com muita delicadeza, que transmite toda a beleza da cidade da maneira que o personagem a idealiza. O fascínio pelo lugar fica evidente logo antes do título do filme aparecer e se mantém independente de qual época o protagonista está. E mesmo que o romantismo, o idealismo e o subjetivismo do filme possam parecer antiquados para os filmes de agora, Allen ainda vai mais fundo ao recordar grandes mestres do século XX, sem perder noção da realidade atual e seu bom humor de sempre.
             Criativo, subjetivo e divertido. São as três palavras que melhor descrevem essa obra que vai fazer qualquer pessoa que conheceu ou quer conhecer Paris feliz. Se o passado é o que parece ser mais idealizado aqui, Allen mostra que o presente também tem seu valor. O sucesso de antes pode ter sido bom, mas Allen prova que continua aguçado e talentoso, entregando mais um filme memorável.

7 comentários em “Meia-Noite Em Paris

  • 17 de junho de 2011 a 20:43
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    Woody Allen = love

    adorei o texto e acho que o senhor leva muito jeito pra escrever, keep on 🙂

  • 17 de junho de 2011 a 20:57
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    cadê a menção aos ataques histéricos que eu dei quando apareceu o picasso, buñuel e dali? e nossas pseudo-lágrimas com o trailer de Árvore da Vida?! ahahaha!
    super adorei. divertidíssimo o filme, ótimos insights e surpresas com o owen wilson (!) com trejeitos IDÊNTICOS aos do woody allen!

  • 17 de junho de 2011 a 21:00
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    Eu quase escrevi que o Woody Allen tava ironizando os roteiristas de hollywood com esse papel de owen wilson! hahaha sepa o personagem é uma visão sobre ele mesmo no passado, tava pensando nisso..

    bom mesmo foi o trailer de 'os homens que não amavam as mulheres', me dexou com mais vontade ainda de ler toda a trilogia =)

  • 21 de junho de 2011 a 20:59
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    cara, é o rafael, você tá escrevendo super bem, o blog tá ótimo!Abração e parabéns pela escolha dos temas, sempre interessantes.

  • 23 de junho de 2011 a 13:40
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    Gabriel,já assisti muita coisa do Woody Allen.Algumas pessoas amam, outras odeiam(principalmente os mal-humorados kk)! Mas tem filmes ótimos, outros nem tanto e outros muito loucos!!Um que lembro que gostei, mas não lembro muito da estória(faz temmmmmmmmpo!!Melhor não dizer quanto!!), foi "A última noite de Bóris Grushenko", ri muito."Manhattan"(lindo),"A rosa púrpura do Cairo", "A era do rádio"(gostei muito)e muitos outros.Penso que ele teve uma fase de ouro.Mas alguns, realmente não gostei .Dos maisrecentes, assisti "Match Point" (gostei muito do final) e "Scoop", que achei bem divertido.Não vi mais nenhum, mas quero ver se assisto "Vick Cristina Barcelona", que conheço, muita gente que gostou!!Vc assistiu???Agora, também fiquei com vontade de ver esse que vc postou, principalmente pq gosto muito do Owen Wilson, e também tenho fixação, não bem pro Paris, mas pela França em geral!!Acho que vou gostar!!!!

    bjão

  • 23 de junho de 2011 a 18:33
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    Eu amei esse filme… assisti ontem!

    1-) O Woody allen é demais

    2-) Vc é mto jornalista, Fabri

    hahaha s2

  • 30 de junho de 2011 a 01:23
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    Gabs!
    Ótimo texto! Eu assisti o filme e tive as mesmas sensações que vc descreveu aqui! Achei o filme maravilhoso e fala de uma coisa muito atual também que é essa idealização do passado que a gente vê por aí hoje (aka vintage hahahahhahaa)
    Parabéns pelo talento, garoto!
    s2

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