A Delicadeza do Amor
Com a hegemonia da indústria cinematográfica hollywoodiana pelo mundo todo, é comum localizar filmes feitos em outros países que se assemelham aos norte-americanos. A Delicadeza do Amor (La Délicatesse) é uma típica comédia romantica que, entretanto, se afasta da maioria do gênero, não só pelo charme francês, mas também pela sua maior proeza, presente no título: tratar com delicadeza os sentimentos dos personagens.
A vida de Nathalie (Audrey Tautou, Coco Antes de Chanel) é perfeita enquanto casada com François (Pio Marmaï). Não tardará muito para uma tragédia virar seu mundo de cabeça para baixo e a moça que planejava viver intensamente com seu amor se vê sozinha e com dificuldades de retomar sua vida social. Num curioso momento, ela beija Markus (François Damiens, O Pequeno Nicolau), que a partir disso se torna determinado a conquistá-la.
A obra dirigida por David Foenkinos constitui um romance inusitado com vários diálogos inspirados e uma narrativa muito bem construída. Apesar do enredo do filme não ser muito interessante, chegando até a ser clichê, a direção conduz os fatos na medida certa e ainda garante cenas muito peculiares, como a inicial, com uma bela montagem, ou outra que parecia comercial de perfume, além do belo desfecho que permite ao espectador saindo do cinema refletindo.
A Delicadeza do Amor trata desse sentimento como um mecanismo de superação e ao mesmo tempo um catalisador de problemas. É uma obra gostosa de se assistir que possui vários momentos inspirados e que deve agradar aos fãs do gênero, ou pelo menos, os mais acostumados a comédias que tentam parecer diferentes num gênero onde é muito raro inovar.
Atualizado em 02/06: Curiosa a homenagem a Ingmar Bergman com o cartaz de Gritos e Sussurros várias vezes em evidência. De certa forma, Nathalie se assemelha com um dos personagens desse filme. Deixo o espaço aberto para reflexão.