Moonrise Kingdom
Em Os Excêntricos Tenenbaums, o diretor Wes Anderson se consolidou no cenário internacional apresentando um retrato original de uma família desharmonioza, pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor roteiro junto com Owen Wilson. Mais de dez anos separam essa obra de Moonrise Kingdom, indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2012. Na nova empreitada, Anderson sai do tragicômico e procura uma veia mais leve, mas não menos colorida ou peculiar.
Na trama, Sam (Jared Gilman) é um garoto isolado dos colegas num acampamento de escoteiros, onde não é querido por ninguém. A única pessoa que parece se importar com ele é Suzy (Kara Hayward), uma menina com quem troca correspondências e também não tem um único amigo. Ambos resolverão fugir de suas rotinas e realizar uma trilha juntos, até que o capitão Sharp (Bruce Willis) os encontre.
O amor inocente dos protagonistas proporciona diversos momentos de “fofura” ao longo da projeção, que farão vários corações derreterem. A ternura e a veia cômica, essa muitas vezes sutil e outras exageradamente estranha, conquistam e envolvem o público de maneira certeira, embora o filme demore um pouquinho para isso. Trata-se de um filme de Anderson, afinal, e não de uma comédia romântica típica – é evidente a estética do diretor nos planos horizontais, nos cenários (uma das gags visuais de Tenenbaums, dos personagens usarem a mesma roupa, é um exemplo), na construção de personagens esquisitos e na condução da trama.
Moonrise Kingdom pode se associar com ABC do Amor ao resultar em mais um “romance” fofo com crianças. Mas vai além, com a criatividade, o estilo e a irreverência de Anderson. Vale ressaltar a indicação em Cannes, um sinal de que Moonrise pode ter chances de disputar boas estatuetas na época de premiações.