O Negócio – 1ª Temporada
Por Gabriel Fabri
O mercado brasileiro de séries de televisão, impulsionado pela lei da TV paga de 2011, ainda é pequeno. Entretanto, começam a aparecer aos poucos produtos audiovisuais muito interessantes a dividir o horário nobre com os prestigiados seriados norte-americanos. Um exemplo é a série “O Negócio“, criada por Luca Paiva Mello e Rodrigo Castilho, uma produção da HBO Latin América que começa a sua segunda temporada nesse domingo (dia 24).
Filmados em São Paulo, os episódios acompanham a rotina da prostituta Karen (Rafaela Mandelli), uma mulher na casa dos trinta anos e, portanto, já desvalorizada no mercado da prostituição. Nas mãos de Ariel (Guilherme Weber), o seu “booker” (nome mais elegante para o vulgar “cafetão”), ela se vê preterida pelas profissionais mais jovens. Então, resolve virar a mesa e assumir o jogo, tentando se tornar independente da relação de exploração centralizada na figura do agenciador. Mas como uma mulher com a sua idade pode conseguir programas fora desse esquema clássico, sem “rodar bolsinha” na rua ou nas baladas? Karen percebe que a solução está na frente dos olhos de todo mundo: o marketing.
Junto com a sua amiga Luna (Juliana Schalch) e, mais para frente, somando esforços com a socialite Magali (Michelle Batista), elas criam a empresa Oceano Azul e começam a bolar estratégias para atrair mais clientes e fazê-los pagar por mais. Isso, tendo todos os problemas da vida pessoal para resolver. Luna é a mais enrolada: faz-se passar por milionária para arrumar um marido rico, enquanto finge para a família ter uma vida completamente diferente e um namoro com o melhor amigo. Fingir um orgasmo é a parte mais fácil de todo o teatro.
Longe de retratar a figura da prostituta como uma pobre coitada, explorada pela sociedade, “O Negócio” apresenta três personagens inteligentes, determinadas e que sabem o que fazem. Evitando “glamourizar” demais o ofício, a série aborda os preconceitos com a profissão dentro da sociedade – merece destaque as caçadas moralistas de uma promotora – e os preconceitos dentro da vida social das garotas, além dos conflitos com os homens que controlam a profissão – não os clientes, mas sim os tais “bookers“. O bom é que “O Negócio” trata da prostituição sem preconceitos ou tabus.
Com um humor sutil, mas sempre presente, o seriado lembra o clássico da HBO norte-americana, “Sex and The City”. Mulheres independentes falando sobre homens, mulheres e problemas pessoais, com cenas de sexo explícito e algumas intrigas. A diferença que torna “O Negócio” muito mais interessante é o foco no empreendedorismo, tema central da trama, aplicado a um assunto pouco discutido e bastante moralizado na sociedade. Estratégias diferentes a cada episódio, somados com o tudo o que já foi mencionado, garantem um bom entretenimento para as noites de domingo.