Uma Longa Jornada


Por Gabriel Fabri

Os livros do norte-americano Nicholas Sparks, autor de “Diário de Uma Paixão”, caíram no gosto de Hollywood. Das suas últimas seis obras publicadas, seis foram adaptadas para o cinema. Não é a toa, claro: suas histórias rendem romances do jeito que a indústria adora. Muitos suspiros com dois protagonistas bonitos e uma história de amor bem água com açúcar. Quem esperar algo um pouquinho além disso vai ser decepcionar com “Uma Longa Jornada“, de George Tillman Jr., que conta a história de dois, por falta de um, romances “maravilhosos”. 

Na trama, Sophia (Britt Robertson) é uma garota interessada em artes, mas que é arrastada pelas colegas de república para um rodeio. Lá, recebe o chapéu do cowboy Luke (Scott Eastwood, filho do diretor de “Sniper Americano”), o mais cobiçado entre os peões. Pretexto para os dois se encontrarem e logo se apaixonarem. O problema: Sophia está há dois meses do estágio de seus sonhos, em Nova York. 
Na volta do primeiro encontro, os dois salvam o velho Ira de um acidente de carro e recuperam uma caixa com muitas de suas correspondências antigas. Lendo para o idoso no hospital, Sophia entra em contato com a história do grande amor da vida dele, enquanto vive paralelamente um grande amor na sua vida. 
Desde o início do filme, o romance entre Luke e Sophia não convence. Tudo soa forçado demais – desde a cena do chapéu, o reencontro entre eles, o cavalheirismo irritante do homem e aquele velho clichê do “nunca tinham feito nada assim para mim” pesam em uma situação em que dois personagens são mal construídos. Difícil comprar essa história e se envolver com os dois, ainda mais quando o longa-metragem resolve focar nos momentos maravilhosos da relação entre eles, em detrimento de explorar as incompatibilidades do casal, conflito que fica o tempo todo em segundo plano. Nesse relacionamento, poucas cenas são interessantes: uma, a melhor delas, se passa em uma galeria de arte, já próximo do clímax.
Se a história atual é old school, esperar algum frescor da narrativa do velho Ira também é decepcionante. É clichê atrás de clichê, com dois personagens mal aproveitados, com conflitos previsíveis e mal explorados. As duas histórias competem entre si para ver qual a mais arrastada, embora o carisma de Robertson e Eastwood ajude com a trama principal.  
O resultado é que “Uma Longa Jornada” é um longa-metragem bem fraco, sem muitos atrativos, e que além de não trazer nada de novo, não funciona como entretenimento. Ou alguém fica tenso com um rodeio de 8 segundos, que nas telas é tão esticado, parecendo durar uma eternidade?  Parece forçar a barra demais. 
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