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A 5ª Onda - Pop with Popcorn

A 5ª Onda

A primeira sequência de A 5ª Onda indica um filme promissor. Escondida na floresta com uma arma, Cassie (Chloë Grace Moretz, do remake de Claire – A estranha) visita um mercado abandonado em busca de alimentos. Encontra um homem ferido – e armado – e não sabe como deve reagir. Para a surpresa do público, ela reage da pior maneira que poderia: esta aí o indício de que o longa-metragem dirigido por J Blakeson (O desaparecimento de Alice Creed) veio para fazer diferença na “onda” de distopias adolescentes. Entretanto, se essa era uma expectativa do público, ela será frustrada ao decorrer da projeção.

Baseado no primeiro livro da trilogia criada por Rick Yancey (o terceiro e último livro, The Lost Star, tem previsão de lançamento para ainda este ano), A 5ª Onda é centrado em Cassie e acompanha a personagem desde o seu último dia de vida normal: quando ela tem a sua primeira e atrapalhada conversa com Ben (Nick Robinson), um garoto pelo qual ela se sentia atraída. Na manhã seguinte, após uma estranha nave começar a sobrevoar a Terra, tudo seria diferente: a “primeira onda” cortou dos humanos toda a sua energia elétrica – o que derrubou aviões e impediu até a água encanada de funcionar.

À medida que acontecem as próximas “ondas”, como são chamadas as etapas de destruição da raça humana, Cassie se vê sozinha, tentando se reencontrar com o seu irmão mais novo, que foi levado para uma base do exército norte-americano. No caminho, encontra-se com Evan (Alex Roe), um garoto atlético que resolve ajudá-la na busca pelo menino.

A primeira cena do filme, sem dúvida a mais impactante da projeção, tem o propósito de mostrar que a protagonista de A 5ª Onda será o que tem de melhor e mais interessante no filme. Logo, veremos o por quê: como a própria atriz sublinhou em entrevista coletiva para a imprensa brasileira, Cassie era apenas uma garota normal, meio introvertida e preocupada com os estudos e com os garotos, muito diferente das super-heroínas das franquias Jogos Vorazes ou Divergente, por exemplo. Entretanto, logo de início, vemos ela em uma situação extrema. Narrando em primeira pessoa, recurso frequente por toda a trama, ela faz a seguinte constatação, logo após a sequência inicial: “me pergunto o que a Cassie antiga acharia da nova”. O público provavelmente ficará com essa afirmação na cabeça, se já não tiver uma resposta pronta para ela.

Se o longa-metragem explorasse melhor esse mote – a luta não só para sobreviver ou para salvar o irmão, mas para permanecer humano (Como se destrói uma raça inteira? Tirando a sua humanidade, segundo a protagonista, em um momento de sua narração) – A 5ª Onda poderia ser melhor. Mas tudo no longa-metragem é ou batido ou infantilizado demais, e a própria Cassie parece em momentos ter se esquecido de que ela é só uma garota normal e não Katniss Everdeen (a protagonista de Jogos Vorazes). Isso pois o filme adota o tom de aventura teen, quando poderia ser muito mais intenso do que isso. Às vezes, dá até vontade de participar do fim do mundo também.

Para piorar, muitas coisas não convencem. O principal deles é o romance entre Cassie e Evan, que soa tão irreal quanto um conto de fadas. Trazer questões como sexualidade na adolescência, atração, sempre é um tempero a mais, se bem trabalhada. Aqui não é, e A 5ª Onda acaba lembrando um pouco A Saga Crepúsculo, o que não é um bom sinal. Para piorar, há reviravoltas óbvias, soluções fáceis demais e coadjuvantes sem sal, como a exagerada Ringer (Maika Monroe, de Corrente do Mal), incumbida de inserir um discurso feminista no filme, sem a menor sutileza (meio que sinalizando “olha como somos progressistas”), e depois sendo apagada ao longo do resto da projeção.

A 5ª Onda soa como uma mistura mal feita de Jogos Vorazes e Maze Runner com alguns exemplos óbvios de ficção científica como Guerra dos Mundos e O Dia Em Que A Terra Parou, embora tenha bons momentos de humor e ação. Tudo isso, já preparando um triângulo amoroso para o próximo filme, é claro. Com certeza será um salto na carreira de Chloë Grace Moretz, mas é uma pena que o longa-metragem não agregue muito à onda de distopias adolescentes. Se depender deste filme, a onda já virou marola.

| Gabriel Fabri

*O Blogueiro assistiu ao filme a convite do site Mundo Blá.

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