O Plano de Maggie (40a Mostra)
A atriz Greta Gerwig já está se especializando em comédias independentes. Seguindo a linha de seus mais recentes sucessos, Frances Ha e Mistress America, ambos de Noah Baumbach (Enquanto Somos Jovens), Greta agora deixa os dilemas da juventude um pouco de lado ao encarnar uma personagem que planeja ser mãe solteira e realizar uma inseminação artificial. Ela não quer deixar o destino nas mãos do destino e, portanto, toma essa decisão um tanto ousada. Dirigido por Rebecca Miller, O Plano de Maggie (Maggie’s Plan) conta uma deliciosa história sobre os dilemas do casamento e também sobre os perigos de levar a vida muito a sério, tentando controlar cada centímetro dela.
Maggie, mesmo sem o apoio do melhor amigo, está decidida a dar a luz, e para isso decidiu pedir o esperma de um “empresário do picles”, um conhecido que tem um pequeno negócio com o condimento. Parece uma decisão meio atropelada, mas a mulher está decidida já. Nada muda quando John (Ethan Hawke), um professor de antropologia casado com Georgette (Julianne Moore), aparece em sua vida, com um pequeno detalhe: os dois logo se apaixonam e ela decide ter um filho dele, já na primeira transa. Três anos se passam e os dois já estão casados e com uma filha pequena. Mas é aí que o público percebe que o tal plano do título não era bem ter um bebê.
Inusitado, o tal plano é a maior graça do filme, e fará o público se questionar a respeito não só das dificuldades do casamento, mas também sobre o impulso de Maggie e Georgette de tentar controlar cada aspecto de suas vidas. O Plano de Maggie soa quase como um apelo para o espectador refletir sobre as suas expectativas com a vida, e tentar não controlar o acaso, deixar mais se levar pelo desenrolar das coisas. Algo que a diretora, que assina o roteiro, também faz nesse filme, construindo todas as relações aos pouquinhos, da sintonia inicial de Maggie e Joan ao fim dessa ilusão. Fica a sensação de que a relação de Maggie com o vendedor de picles poderia ser melhor explorada, mas nada que atrapalhe o resultado do filme, que é uma graça.
| Gabriel Fabri