A Bela e a Fera
Um dos desenhos mais marcantes dos estúdios Disney, A Bela e a Fera, inspirado em um conto de fadas francês do século XVIII, ganha uma versão live-action, seguindo os passos de Cinderela (2015). Com direção de Bill Condon (A Saga Crepúsculo: Amanhecer), o filme tem a missão de repetir o encanto da animação de 1991, conquistando novos públicos por um lado, e apelando para a nostalgia do público mais adulto, que se apaixonou pelo desenho na infância, por outro. O que importa é, portanto: A Bela e a Fera mantém a magia do original? A resposta é sim.
O enredo é o mesmo da animação, sem grandes alterações. A camponesa Bela (Emma Watson) é feita refém por uma fera em um castelo com objetos falantes. Tanto a fera quanto a xícara, o relógio ou o candelabro são vítimas de uma maldição, uma vez que o príncipe que morava ali não conseguia enxergar além das aparências, e vivia uma vida de egoísmo e arrogância. Ele perdeu a sua beleza e todos que moravam com ele foram punidos também. A chegada de Bela, após um autossacrifício dela, é uma esperança de que a maldição possa ser quebrada – mas, para isso, a Bela e a Fera precisam se apaixonar.
Das animações clássicas da Disney, A Bela e a Fera talvez seja a mais encantadora, e também a mais importante, pois trata de um tema que sempre foi muito caro, mas que parece ainda mais no mundo contemporâneo: a questão da beleza e das aparências. Aqui, vemos dois homens belos e babacas, o príncipe e o capitão Gaston. O primeiro precisou ser transformado em uma criatura feia para ser uma criatura bonita de verdade (aprendendo a amar). O outro, um homem que tentará de tudo para conseguir casar com a Bela, é o vilão do filme, no melhor estilo maniqueísta hollywoodiano. Os dois, ao contrário de Bela, usam a beleza como justificativa para as suas arrogâncias.
Com visual deslumbrante e bom humor, a versão de “carne e osso” do conto de fadas da Disney encanta. As mudanças são pequenas, afinal, por que arriscar mudar quando já se tem um sucesso garantido? Ainda mais liderado pela simpática Emma Watson (da franquia Harry Potter), que faz uma Bela confiante e destemida, em sintonia com o discurso feminista da atriz. A mudança mais perceptível, porém, é o personagem LeFou, ajudante de Gaston. Apesar da sua atuação ser exagerada às vezes, o personagem ganha maior importância, ao deixar nítida a atração dele pelo vilão. No final, ele também é o centro de alguns segundos de “ousadia” do filme. “Ousadia” entre aspas porque não é verdadeiramente ousado, mas, dentro desse contexto, parece que vai incomodar alguns russos, um pessoal no Alabama e, claro, os homofóbicos em geral.
Por Gabriel Fabri