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The Ballad of Buster Scruggs - Crítica - Pop with Popcorn

The Ballad of Buster Scruggs – Crítica

O faroeste já foi o principal gênero do cinema estadunidense. As narrativas que giravam em torno da construção de uma nação pelo Destino Manifesto já foram mais da metade de tudo que se produziu naquela indústria, além de terem arrecadado fortunas de bilheteria. Porém nos anos 1960, com a ascensão dos diversos movimentos sociais e civis, o modelo de país exaltado pelos westerns começou a ser questionado. Consequentemente, o volume e o público desse gênero diminuíram e as tramas mudaram. O clássico ufanismo deu lugar a retratos da aridez e violência daquele período. É esse tom cínico e subversivo que conduz The Ballad of Buster Scruggs.

Lançado diretamente pela Netflix, é a última realização dos irmãos Ethan e Joel Coen. Dotados de um estilo extremamente autoral, sarcástico e, às vezes, violento, o cinema da dupla é diretamente influenciado pelos clássicos do Faroeste, tanto referenciando (Onde os Fracos não tem Vez) quanto dentro do gênero em si (Bravura Indômita). O novo longa, que é indubitavelmente um Western, trata-se também de uma antologia. Dessa forma, reúne seis histórias do Velho Oeste norte-americano, indo da comédia escrachada ao drama denso, porém todas interligadas por um cinismo sádico e pela inabalável presença da morte.

A primeira história é a que dá nome ao filme e nos apresenta Buster Scruggs (Tim Blake Nelson). Vestindo roupas impecavelmente brancas e afinado na canção, o andarilho carismático e sorridente logo se revela um pistoleiro implacável, capaz de deixar uma pilha de mortos por onde passa.

O conto seguinte, Perto de Algodones, mantém o tom cômico. Aqui um caubói (James Franco) tenta a assaltar um banco, porém após diversas reviravoltas, percebemos que o personagem é apenas um brinquedo da sorte.

Nos dois contos seguintes, Vale Refeição e Canion Dourado, o ritmo e tom do filme mudam completamente: a comédia agitada dá lugar ao drama reflexivo. No primeiro, acompanhamos um empresário (Liam Neeson) que explora a deficiência física de Harrison (Harry Meling), cujo show já não desperta o interesse do público. Logo em seguida vamos para Canion Dourado, onde um garimpeiro (Tom Waits) trabalha de maneira zelosa em busca do ouro.

A Garota que Ficou Nervosa é o mais logo e também o mais realista dos seis contos. Tem como protagonista Alice Longabaugh (Zoe Kazan), que parte em uma caravana junto com o seu irmão e um cachorro. Logo ela descobrirá que ter certeza não é adequado diante das incertezas daquela realidade. É o conto mais denso e relevante do filme, deixando claro que, independente das nossas escolhas, não temos controle sobre nossas vidas.

A narrativa final, Restos Mortais, é uma alegoria que se passa dentro de uma carruagem em que um francês, uma idosa e um andarilho são conduzidos, por dois caçadores de recompensas, a uma reflexão de vida e morte.

Sem o mesmo êxito que Roma, com dez indicações, ainda sim The Ballad of Buster Scruggs é mais um filme lançado diretamente pela Netflix a marcar presença no Oscar, esse com singelas duas indicações, de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Figurino. Apesar de ignorada pela academia, a fotografia do longa é conduzida de uma maneira em que cada frame parece ser uma obra de arte individual.

Tecnicamente impecável e com grandes atuações, o filme pode não ser o melhor dos Coen e também não é o melhor do catálogo da Netflix, porém é, ainda sim, indispensável tanto para os fãs da dupla de cineastas quanto para os caçadores de novidades do streaming.

Por Caio Ramos Simidzu

Confira o trailer de The Ballad of Buster Scruggs clicando aqui.

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