Ad Astra – Crítica
Dirigido por James Gray, Ad Astra tem Brad Pitt no elenco e produção do brasileiro Rodrigo Teixeira
Um bom filme deve, à sua maneira, ser harmonioso com seus elementos. Cada diálogo, enquadramento ou movimento de câmera; cada cena deve estar interligada com todas as outras. A junção inteligente de todas esses elementos, então, formam uma grande obra. Quantas vezes assistimos a longas metragens com excelentes premissas ou grandes momentos, porém que acabam incapazes de cumprir um arco? Ad Astra, porém, acaba seguindo, de maneira muito peculiar, o caminho oposto.
O novo longa de James Gray (Z: A Cidade Perdida) está tão perocupado em desenvolver e nos mostrar a trajetória do seu personagem central, o engenheiro espacial Roy Mcbride (Brad Pitt), que acaba deixando de lado tudo aquilo que acontece no seu entorno. E isso incomoda.
Após partir em uma jornada espacial, em um futuro em que o ser humano já colonizou parte do sistema sola, Mcbride se depara com muitos personagens – todos eles com pouquíssimas complexidades. Há uma completa despreocupação em estender a existência deles, estando ali apenas para ficar jogando o personagem de um lado para o outro, obedecendo o roteiro na missão de conduzir o viajante espacial ao seu desfecho. É como se o desenvolvimento do filme ficasse na mão de um compilado de participações especiais.
Seria injusto, porém, dizer que se trata de um longa ruim e deprovido de qualidades. Existem muitos pontos positivos e, se comprarmos a premissa da obra, obececada apenas no arco de seu protagonista, podemos até chegar a apreciar o filme. Aliás, o fato de tal papel estar nas mãos de Brad Pitt – que também é produtor – foi um ponto acertado. O ator está visivelmente dedicado e entregue ao personagem: é crível a maneira com que ele demonstra frustrações, medos e desesperos. Competência imprescindível para cobrir uma certa preguiça do roteiro.
Os aspectos técnicos também são impecáveis, extremamente dignos de uma produção desse porte. A fotografia, os enquadramento e movimentos de câmera são espetaculares. As cenas espaciais estão a altura de obras clássicas como 2001: Uma Odisseia no Espaço e Gravidade. Aliadas com a excelente mixagem e edição de som, fazem com que a obra seja daquelas cuja apreciação deve ser feita no cinema, além de fazer com que o filme talvez marque a sua preseça no Oscar.
Apesar de uma certa indolência do roteiro, Ad Astra é um filme que merce ser visto, cujas habilidades de Brad Pitt e a excelência em seus aspectos técnicas o fortalecem.
O filme tem produção do brasileiro Rodrigo Teixeira.
Por Caio Ramos Shimidzu
Confira o trailer de Ad Astra: