Tomb Raider: A Origem – Crítica
A mais famosa protagonista feminina dos videogames ganha um novo fôlego nas telonas em Tomb Raider: A Origem. Após ser interpretada duas vezes por Angelina Jolie, a heroína Lara Croft tem o início de sua história retratado agora pela direção do norueguês Roar Uthaug. Vencedora do Oscar por A Garota Dinamarquesa, Alicia Vikander empresta carisma e simplicidade à aventureira personagem, sem fazer feio em comparação a sua antecessora.
A trama mostra como Lara Croft, uma entregadora de comida com dificuldades para pagar as suas contas, se transformou em uma lendária exploradora. Após um incidente em que é presa apostando corrida por uns trocados, Lara é confrontada a assumir a morte de seu pai, desaparecido há sete anos. Ela precisa assinar os documentos que transfeririam a sua herança, junto com as empresas de seu pai, para o seu nome, um dinheiro que ela não julga merecedora.
Entretanto, junto com a herança vem um artefato antigo, com uma mensagem misteriosa para Lara descifrar. Ela acaba descobrindo que o pai havia partido para impedir que uma organização empresarial (e religiosa?) colocasse as mãos em um túmulo de uma princesa japonesa. A lenda dizia que abrir a tumba traria a morte para o mundo. Desobedecendo a ordem póstuma para queimar os arquivos do pai, Lara viaja em direção à ilha na esperança de encontrar o familiar desaparecido.
Escapando ileso do exagero nas cenas de ação que sobrecarrega a maior parte dos blockbusters de Hollywood, o roteiro de Tomb Raider: A Origem equilibra bem o desenvolvimento da história e dos personagens com a ação do filme. Desde o início, em que vemos uma corrida pelas ruas de Londres para mostrar um pouco do espírito aventureiro da protagonista, até toda a aventura na ilha, há uma preocupação evidente em não saturar o espectador – há ação de sobra, mas as cenas sempre empolgam. Além disso, o roteiro traz surpresas quanto ao mito que motiva toda a ação na ilha e um bom gancho para a sequência, que indica um caminho totalmente diferente para o próximo filme.
Tendo em vista que Lara Croft foi uma das primeiras heroínas a ganhar um filme solo relevante nos cinemas, muito antes de Mulher-Maravilha ou das tentativas fracassadas de levar Elektra (com Jennifer Garner) e Mulher-Gato (com Halle Berry) dos quadrinhos, o reboot de Tomb Raider torna a personagem ainda mais interessante para o contexto de empoderamento feminino no cinema: além de forte e corajosa, Lara Croft não começa o filme como uma milionária com treinamento especial – ela ainda não é a versão feminina do Batman, mas sim uma garota comum, que por sorte tem como hobbie lutar boxe, e que se vê envolvida em uma situação de vida ou morte. Assim como Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes, ela é uma garota comum que se vê jogada na selva – a proximidade com o público é, portanto, maior, assim como a distância para os filmes estrelados por Angelina Jolie, que sempre circunscreveram a personagem no universo aristocrático.
Tomb Raider: A Origem traz um nova Lara Croft com muita personalidade, em um filme divertido e bem equilibrado. Falta originalidade nessa aventura, mas o fato é que o entretenimento é certeiro.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer do filme clicando aqui.