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A Árvore da Vida - Pop with Popcorn

A Árvore da Vida

       

           O grande vencedor do festival de Cannes de 2011, ‘A Árvore da Vida’ (The Tree Of Life), é mais um filme sobre vida e morte. Usando como ponto de partida o falecimento de um menino de uma família típica americana, o filme tenta transcender as imagens registrando a vida da maneira mais delicada possível, resultando numa bela experiência sensorial, mas que por muitos pode não ser compreendida.
            Logo no início, a perda de um filho é um choque para o casal principal, interpretados por Brad Pitt e Jessica Chastain, que tentam racionalizar sobre o que aconteceu, o que é mostrado de maneira muito cautelosa. Começam as indagações sobre Deus e sobre a vida espiritual e material, que se mantêm constante por toda a projeção. É nesse clima de reflexão sobre a vida que se constrói a nova obra do diretor Terrence Malick, indicado ao Oscar de melhor direção em 1999 por ‘Além da Linha Vermelha’.
            Não demora muito para o filme se revelar alinear. O espectador é transportado para o presente, onde um dos filhos é interpretado por Sean Penn, numa pequena ponta, em que reflete sobre a morte de seu irmão. Em seguida, o diretor que tenta capturar a vida em todos os seus aspectos resolve explorá-la de maneira pouco ortodoxa, que pode gerar muito incômodo no telespectador: a linha de questões a Deus se segue com MUITAS imagens do mundo se formando, que incluem até dinossauros. Essas imagens são belas, mas passam de maneira demasiadamente lenta. O motivo delas estarem lá é mostrar o mundo desde a criação, entretanto o motivo delas demorarem tanto não está claro a princípio: é para inovar? Para permitir tempo do espectador sentir o drama dos personagens ou refletir sobre a sua própria vida? Para sustentar algum argumento que venha a seguir?
            Passado os milhões de anos da criação do mundo, chega-se ao nascimento do primeiro filho do personagem de Brad Pitt. É ai que a história começa de verdade, mostrando alguns conflitos familiares e matrimoniais, tanto quanto vários momentos de pura alegria. São nesses conflitos e momentos de alegria que o filme se sustenta até o final, engajado com as indagações religiosas e reflexões dos personagens, principalmente do severo pai.
            Uma cena que chama a atenção e é ótima para argumentar sobre a obra é uma em que uma das crianças brinca feliz no meio de bolinhas de sabão no quintal da casa. O menino pula e brinca, aproveitando as coisas simples da vida, quando a mãe, contente ao vê-lo brincar, o chama para entrar em casa. Enquanto os dois entram sorridentes, um homem qualquer tem uma convulsão bem atrás deles, provavelmente morrendo, mas isso de forma alguma impede o momento de felicidade mútua entre mãe e filho. Esse é um momento surreal do filme que pode dizer muitas coisas, e isso vai variar de quem estiver assistindo. 
            Realmente, pouca coisa acontece em ‘A Árvore da Vida’. Os momentos são captados plenamente, fazendo com que quem assiste sinta-os e se veja no lugar deles, tanto que o nome dos personagens mal são mencionados. É definitivamente um filme de arte, mas não um intelectual, a medida que tudo o que é mostrado apela pro sensorial e conhecido de todo mundo. É minimalista ao incluir reflexões e lembranças em cada detalhe: a verdadeira arte aqui é captar a beleza da vida e as contradições da vida, relacionando-as com os aspectos familiares e religiosos. É mostrar a simplicidade da vida com uma direção grandiosa e um roteiro simples. E as imagens da construção do mundo se relacionam tanto com alguns lugares do filme quanto com a ideia de simplicidade implícita na obra, estando sutilmente ligadas com o discurso inicial de viver pela graça ou natureza.
           Em suma, ‘A Árvore da Vida’ é um filme simples e complicado ao mesmo tempo. É preciso ter paciência e mergulhar fundo na energia religiosa, simplista e reflexiva do filme e estar disposto a ver o que está lá, tão sutilmente, para ser interpretado. É exatamente o oposto de ‘Melancolia’, de Lars Von Trier, mas se assemelha na temática de discutir a vida, embora sob visões diferentes, uma científica e pessimista e a outra religiosa e esperançosa. É um filme para refletir acima de tudo.      

6 comentários em “A Árvore da Vida

  • 18 de agosto de 2011 a 11:20
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    Gabs! Depois de ler sua critica fiquei com vontade de ver o filme de novo, dessa vez ate o final! Parabens, vc expos muito bem a arte e a inovação de "arvore da vida". :))

  • 19 de agosto de 2011 a 01:05
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    Bela crítica. Enquanto uns focam nos significados ocultos do filme, você focou no que há de mais simples nele. Uma crítica leve que combina com a leveza da maioria das cenas captadas por Malick.

    E bem lembrada a cena em que a mãe esconde das crianças o ataque epiléptico. É uma das mais curiosas do filme. Havia me esquecido desta.

    Sem dúvida um filme pra rever ao longo da vida, como tantas outras obras-primas do cinema.

  • 19 de agosto de 2011 a 01:25
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    Muito boa a crítica. Na minha opinião "A Árvore da Vida" tem seus altos e baixos, apesar do exagero de fotografia o filme tem muito o que mostrar, cada cena, cada segundo é muito importante, mas ele tem seus altos e baixos, na minha concepção é um grande filme, mas acho que ele não vai ser o grande premiado da Academia, pode levar por "Fotografia" e "Trilha", mas mesmo assim, ainda falta muita coisa pela frente … valeu, Abrço

  • 21 de agosto de 2011 a 01:45
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    Muuuuuuito bom texto! eu nem assisti o filme(por enquanto) mas tenho a sensação de que fui transportado para dentro dele através da sua visão! Sou muito crítico e não costumo elogiar mas tenho que dizer essa foi uma das melhores críticas de filmes que eu já vi, pude sentir o filme como você pelas suas palavras. Antes não acreditava muito mas agora tenho certeza: Você tem muito talento, continue e não desista, Parabéns fabri

  • 2 de setembro de 2011 a 23:52
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    Amei a crítica (= aliás todo os seus textos!

  • 24 de setembro de 2011 a 22:35
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    …depois de ler sua crítica terei de ver o filme uma segunda vez e "rever meus conceitos". Parabéns, é exatamente isso que uma boa crítica faz, nos instiga e nos faz (re)pensar.

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