O Preço do Amanhã
Tempo é uma coisa muita valorizada hoje em dia, mesmo com as distâncias reduzidas e o dia a dia agitados do século XXI. Tempo é dinheiro, já diz o senso comum. E isso é posto literalmente em prática em O Preço do Amanhã (“In Time”), ficção científica escrita, produzida e dirigida por Andrew Niccol (diretor em “Gattaca – Experiência Genética” e “O Senhor das Armas”).
No mundo mostrado pela obra, tempo virou a moeda oficial. As pessoas tem o direito de viver apenas 25 anos e, a partir dai, tem apenas mais um, a menos que consigam umas horas extras, seja de maneira honesta ou não. Elas podem viver quanto tempo conseguirem com a aparência jovial, que não muda a partir da idade determinada. A sociedade em que Will Salas (Justin Timberlake, de “A Rede Social” e “Amizade Colorida“), sua mãe Rachel Salas (Olivia Wilde, da série “House”) e Sylvia Weis (Amanda Seyfried, de “Mamma Mia!” e “O Preço da Traição”) estão inseridos, entretanto, pouco difere da nossa, trazendo questões atuais para as telas.
A trama mostra Salas vivendo num “fuso horário” pobre dos Estados Unidos, a periferia, e seu corrido cotidiano. Numa noite, entretanto, ele salva um homem rico, com milhares de anos de vida, das mãos de bandidos. Este, entretanto, num ato suicída, entrega seu tempo de vida para Will e ainda conta a verdade sobre o sistema, que fará com que ele vá ao fuso mais nobre em busca de justiça. Lá, encontra com Sylvia, filha do presidente do sistema, e os dois se vêem envolvidos numa aventura alucinante.
Temos aqui um exemplo do melhor filme de ação que Hollywood pode fazer: casal com química certeira, cenas de ação e perseguição de tirar o fôlego, reviravoltas no roteiro e este por sua vez engajado nos problemas atuais do mundo urbano, mesmo se tratando de uma película futurista. Em meio a tudo, está a crítica a concentração de capital, a desigualdade social, a elite que governa com base nos seus interesses próprios (ficarem mais ricos e poderosos, ou nesse caso, mais tempo vivos). E a questão principal: até que ponto o dinheiro (ou a imortalidade, nesse referencial) traz felicidade?
Sendo uma espécie de “Admirável Mundo Novo” misturado com um Robin Wood moderno ou quase uma nova versão de Bonnie e Clyde, o filme traz diversão com conteúdo. Não é o melhor personagem (nem a melhor atuação) de Amanda, mas o casal principal cativa o público e brilha no meio da metáfora de Niccol. Tudo isso sem perder o frenético timing, já que… tempo é dinheiro. E assistir esse filme, com certeza, não é desperdício.
Fabri!
Amei seu texto, principalmente a forma como vc relacionou várias obras, e discutiu com mais profundiade o significado do filme!
Parabéns!
Beijos,
Bea Enger