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Tão Forte e Tão Perto - Pop with Popcorn

Tão Forte e Tão Perto

     

       O 11 de setembro, mais de dez anos após os atentados às torres gêmeas em Nova York, ainda é um tema pouco explorado pelo cinema. As Torres Gêmeas tentou cutucar a ferida, sem muito êxito, e Voo United 93 ousou mais e realizou uma obra alucinante. O assunto voltou a tona num excelente drama, indicado ao Oscar de Melhor Filme (talvez a única indicação realmente imprevisível de 2012), que surpreendentemente supera expectativas e muitos outros filmes da lista desse ano.
       O estreante Thomas Horn (VI) é Oskar Shell, um garotinho com dificuldades de comunicação cujo pai, interpretado por Tom Hanks (num papel importante, mas que não exigiu nada do ator), morreu no ataque às torres. Um ano após a data, ele finalmente tem coragem para mexer nas coisas de seu pai, e encontra uma chave. Começa então uma jornada para procurar a fechadura que se abrirá coma chave, numa última tentativa de mantê-lo conectado com seu pai. Pode ser uma jornada louca em vão, mas para Oskar, ele não tem muito a perder, entretanto tem muitos motivos para estender o tempo em que o personagem de Hanks ainda brilha pra ele, como a luz do sol depois de explodir. Nessa jornada, cruzaram em seu caminho diversas pessoas (por exemplo, Abbey Black, interpretada por Viola Davis, de Histórias Cruzadas), com diversas outras histórias.Um velhinho mudo, que rendeu a Max von Sydow uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, será parte importante nessa missão.
      Quem comanda essa história peculiar é Stephen Daltry, indicado ao Oscar por O Leitor e As Horas. Com essas duas obras primas no currículo, Daltry faz juz ao nome e recorta a história em flashbacks soberbamente costurados. No começo da projeção, as coisas andam meio devagar, mas é apenas o roteiro afiado e as mãos desse diretor trabalhando para preparar o público para se emocionar e muito. A fotografia, a trilha sonora, os atores, a estrutura alinear – tudo colabora para a harmonia da obra, que não guarda emoções só para o final.
    As melhores cenas, pelo menos até Sydow aparecer, são as que envolvem a mãe do menino, interpretada por Sandra Bullock (vencedora do Oscar por Um Sonho Possível). A atriz começa o filme bem apagada, mas nos momentos em que sua personagem está no centro do conflito, o longa se prova muito profundo, e arrasta o espectador para os dramas dessa família complicada. Bullock é coadjuvante, mas tem mérito nas primeiras cenas mais dramáticas e nas outras que se sucedem, à medida que o desfecho se aproxima. Quando Max von Sydow aparece, um novo gás e acrescentado à trama, que se torna deliciosa de acompanhar, o que torna as cenas mais dramáticas ainda mais emocionantes.
      Se a direção desses atores é perfeita, o que falar então de Horn? Ele lembra muito o menino Hugo Cabret, que tinha a fechadura mas não a chave, só que com muito mais maturidade. Ele tem seus traumas e medos numa dimensão bem maior que a de Hugo, de maneira que sua busca pelo segredo do pai se torna muito mais carregada de emoção, pois Oskar parece ter perdido a infância (ou retomado-a com sua busca?). A semelhança entre os dois concorrentes ao principal prêmio do ano pode ser gritante, mas as diferenças são maiores. Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close) passa longe de ser um filme infantil ou uma ode ao passado: é uma obra sobre superação e o resultado deve entediar as crianças e fazer os adultos chorarem como se fossem uma.
        Incrivelmente terno e extremamente emocionante. É a melhor maneira de definir o trabalho comandado por Stephen Daltry, que surpreende com reviravoltas por não cansar de emocionar. Melhor levar lenços no lugar da pipoca, porque esse é um dos filmes mais lindos que o cinema exibiu recentemente. Por fim, nada menos que justa a indicação ao prêmio mais cobiçado do audiovisual: algum dia uma obra desse diretor ainda ganha o Oscar.

Um comentário em “Tão Forte e Tão Perto

  • 9 de março de 2012 a 02:16
    Permalink

    Fabri, parabéns pelo texto! Há uma coisa nas suas reviews que eu admito muito! Mesmo sendo um escritor "amador" (sem ser graduado, etc), você tem uma imparcialidade muito sutil, você consegue expor sua opinião de uma forma não enfática, muito discreta, e isso é super difícil, então parabéns.

    O filme é realmente incrível, cru, profundo e emocionante. Sandra Bullock está belíssima e o garotinho manda muito bem expressando todos os conflitos psicológicos do Oskar. A superação dele parece uma superação nossa. É incrível. Totalmente recomendado!

Comentários estão encerrados.

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