Diário 37ª Mostra – Vol. 3
O diário da 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo continua! Nesse volume 3, mais dicas de filmes para assistir. De cinema grego impactante a filme erótico francês, tem para todos os gostos.
O Pop with Popcorn, pelo segundo ano consecutivo, traz algumas dicas para os nossos leitores não ficarem por fora do maior evento de cinema de São Paulo. Nessa edição, teremos uma série de pequenos “diários” com os filmes vistos a cada dois ou três dias. Para acompanhar as atualizações, é só ficar de olho na nossa página no Facebook (clique aqui), ou acessar o blog com maior frequência.
Confira o nosso 3º especial da jornada:
9) Chaika
Tursyn retorna ao Cazaquistão e reencontra velhos parentes, que retomam a memória de sua mãe, Chaika. A história da mulher, que era uma prostituta quando ficou grávida, é contata em flashbacks desde qando ela conhece um marinheiro, com quem vai se estabilizar no inverno gelado da Sibéria.
Um filme duro, quase ausente de trilha sonora e com uma fotografia belíssima, o grande destaque do filme. Chaika é hermético, e tem como discussão central o fato da personagem principal (Salome Demuria, excelente em seu papel), exercer um ofício não aceito pela sociedade e, principalmente, pela família do marinheiro.
A produção envolve Espanha, Russia, Geórgia e França.
10) Miss Violence
Prepare-se para ser provocado. Miss Violence, longa-metragem grego, foi a maior surpresa da Mostra até agora. Imagine um filme que começa com um close numa porta, e, logo em seguida, vai para uma festa de uma garota que acaba de fazer 11 anos. Algo está errado: a garota e sua irmã não sorriem, em oposição ao seu avô que dança com a primeira, sorridente. Nesse momento de suposta felicidade em família, a aniversariante caminha quieta para a janela e se suicida. Perplexos, e sob a mira da assistência social, os parentes da menina tentam retomar as suas vidas, como se a situação traumática nunca tivesse acontecido. Aos poucos, o público vai descobrindo um ambiente opressor e nuances violentas nos personagens, em especial na única figura masculina do filme.
A questão que permeia a obra é o autoritarismo das relações familiares, sendo que nisso se encontra uma longa tradição de passividade e subordinação ao “chefe de família” e o tão frequente uso da violência física e verbal com finais “educativos”. Miss Violence não pretende ser um filme de superação de luto e sim uma crítica feroz a instituição familiar e ao uso da violência. Com pequenas reviravoltas surpreendentes e chocantes, esse é um filme mais que desconfortável, é totalmente desestabilizador. Imperdível!
11) Minhas Sessões de Luta
Uma jovem mulher repleta de problemas familiares visita um homem com quem por pouco não teve relações sexuais. Ela acaba de perder o pai e vai contar para o “amigo”, numa visita inesperada. Começa então uma relação de confrontos físicos e verbais entre os dois.
Nesse longa francês, são bem trabalhadas as relações entre supostas oposições, como amor e ódio, dor e prazer, repulsa e desejo. Com uma fotografia de grande vivacidade e cenas longas e hipnotizantes, o filme prende atenção e consegue registar a pulsão sexual entre os personagens, seja nos diálogos, nas agressões ou quando a relação atinge seu clímax.
Poderia ser um bom longa, se não fosse a dose de psicologia barata do personagem homem, que insiste em traçar paralelos entre os atritos de sua relação violenta com a mulher e as relações familiares dela. Outro problema são os coadjuvantes: seria mais inteligente por parte do roteiro e mais instigante para o espectador se eles não estivessem na obra, ficando restritos a menções nos diálogos dos dois, já que a atuação desses personagens muito pouco acrescenta à trama. O resultado é hipnotizante, mas mediano.
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