X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido
Por Gabriel Fabri
Muita expectativa cerca o novo filme dos mutantes da Marvel. Trata-se, afinal, da união do elenco principal com os atores jovens de “Primeira Classe” – tendo, na linha de frente, o personagem Wolverine (Hugh Jackman), que já ganhou dois longa-metragens próprios. Fazer essa mistura ser convincente não é tarefa fácil, mas “necessária” para o mercado de cinema. É a união das duas maiores estrelas da série, Jackman e Jennifer Lawrence (de “Trapaça”). Felizmente, o que resulta de “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido“, de Bryan Singer, é o mais empolgante longa-metragem da série.
Na trama, o planeta Terra foi transformado em um cenário apocalíptico. A guerra entre mutantes e humanos chegava ao ponto de quase extinção dos X-Men, devido à criação de robôs muito mais poderosos. Em meio a esse caos, a única solução foi enviar Wolverine através do tempo, para o ano de 1973. 50 anos no passado, o mutante deve convencer as versões mais novas de Charles Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) a impedir Mística (Jennifer Lawrence) de assassinar o criador das máquinas que desencadearão o fim do mundo como conhecemos.
Embora surja com ares de novidade – a destopia futurista consolidada, a união de todos os mutantes e a viagem no tempo -, o novo X-Men continua apostando na fórmula que o consagrou: boas dozes de humor, muitas cenas de ação e um discurso muito positivo sobre, em suma, tolerância com os outros e aceitação de si mesmo. Esse é o “segredo” do sucesso da série. Elementos que aqui se apresentam de maneira ágil e envolvente.Um ponto alto é a divertidíssima sequência durante uma fuga no Pentágono, que acontece dentro de uma cozinha, logo no começo do filme. Uma fuga que, aliás, garante outros momentos hilários – sete filmes depois e os roteiristas ainda conseguem extrair algo de cômico dos super-poderes dos personagens.
A mistura dos elencos traz problemas, mas também é parte da solução. O acerto foi trazer ao passado apenas Wolverine, o mais “descolado” dos mutantes, tendo bastante química com os personagens mais jovens. O sarcasmo está presente até para tirar sarro da ideia de volta no tempo, que rende alguns bons diálogos. Wolverine, além do público, é o único que conhece como os personagens com quem dialoga estão mudados, no futuro.
O clímax é, talvez, o grande problema do filme. No passado, é realmente o momento mais empolgante do longa-metragem, decisivo. No futuro, soa desproposital – afinal, não é alí que se dará a solução do conflito. E o pior: tirando a mais que desnecessária participação especial de Hale Berry, a maioria dos mutantes desse futuro são desconhecidos do público, que não desenvolve por eles a menor simpatia – só conhecemos os seus poderes, apresentados no início do filme. Ou seja: “Dias de Um Futuro Esquecido” monta paralelamente o clímax de duas histórias, uma de longe menos importante que a outra. A ideia de um “24 Horas” com meio século de diferença até ajuda a aumentar a tensão, mas atrapalha o desenvolvimento desse final. Até por quê a ação do futuro não tem nada de empolgante ou de novo, ao contrário das cenas com o elenco jovem. Afinal, quem se importa com quem vai morrer no futuro, se o que acontece no passado vai mudar isso, inevitavelmente?
Apesar dos problemas, “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” é o mais empolgante e divertido filme da série. Deve agradar em cheio aos fãs. Estes terão que esperar por mais um longa-metragem, porém, para alguém explicar por que o Professor Xavier ainda está vivo em 2023, quando sabemos que o personagem foi morto e enterrado em “X-Men: O Confronto Final”… Está aí um possível pretexto para uma continuação.