Entrando Numa Roubada
Por Gabriel Fabri
Um road movie de ação é algo raro no cinema nacional. Ainda mais com a premissa interessante de Entrando Numa Roubada, em que um grupo de artistas de cinema decadentes se reúne para fazer um novo filme, que pode ser a sua última chance de conseguir prestígio na área. Mas o diretor e um dos atores tem outros planos: sem que o resto do elenco saiba, os assaltos do filme, e todas as outras situações do roteiro, serão reais.
Apesar do começo ruim, com cenas pouco engraçadas, exageradas; uma introdução desnecessária dos personagens que imita quadrinhos; e uma narração em off que trabalha constantemente para deixar tudo mais desinteressante do que parece, o filme engrena em uma divertida comédia de ação. O primeiro assalto é hilário e a cena de perseguição na estrada, também.
Entretanto, o longa-metragem é cheio de problemas. Tocando no tema delicado das igrejas evangélicas, o filme exagera na caracterização do pastor que explora os seus fiéis, perdendo a naturalidade da situação. A crítica vira deboche. Para piorar, todos os personagens são assim, caricatos. Quem se dá melhor é a personagem de Ana Carolina Machado como a estagiária de produção. Entretanto, no ponto alto do filme, sua personagem dá uma reviravolta pouco crível. E o filme desemboca em um desfecho decepcionante, que trata da vingança sem a seriedade que o tema merece, como se fosse algo legal ou justificável.
Longa-metragem de estreia de André Moraes, Entrando Numa Roubada perde a chance de ser uma boa comédia de ação. Tem ousadia para mexer com o tema do abuso econômico das igrejas, pauta importante da atualidade, tem uma boa história e bons momentos. Entretanto, tudo aqui é caricato, e o que poderia render boas discussões acaba ficando superficial e exagerado demais.
Integram também o elenco Deborah Secco, Lucio Mauro Filho, Marcos Veras, Julio Andrade e Bruno Torres.