Os Oito Odiados
Após fazer um divertido faroeste em Django Livre, o cineasta Quentin Tarantino se inspira novamente na temática em Os Oito Odiados, o seu oitavo longa-metragem. Abordando mais uma vez a questão do racismo, o diretor faz um filme mais teatral, passado dentro de uma casa em quase toda a sua totalidade.
Na trama, um caçador de recompensas atravessa a neve em uma carroça levando uma assassina como prisioneira, interpretada por Jennifer Jason Leigh. Conhecido como o “enforcador” por entregar as suas vítimas vivas para a justiça (que as condena à morte por enforcamento), John Ruth (Kurt Russell) arruma dois empecilhos em sua viagem: diante da ameaça de uma tempestade, ele dá carona para outro caçador de recompensas, Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), e um homem que diz ser o novo xerife da cidade para onde John está indo. Os quatro, junto com o motorista da carroça, param em um bar para esperar a tempestade passar, onde ficam confinados com mais outros três homens.
Apesar de mostrar que continua afiado na construção de diálogos e na direção dos atores, Tarantino realiza com Os Oito Odiados talvez o menor filme de sua carreira. Há pouca ação, poucas referências à cultura pop, e o enredo é bastante fraco, do começo ao fim. Com apenas alguns momentos interessantes, como a sugestão hilária de dividir o bar entre norte e sul, como na guerra de secessão, o longa se arrasta, apesar do esforço dos atores e do cuidado, não só na direção do elenco, como na construção dos personagens – o destaque é para a atriz Jennifer Jason Leigh, no papel mais interessante do filme.
Com muito sangue, humor e diálogos, marcas do estilo do diretor, o filme prende atenção em alguns momentos, mas a sensação que fica é que Tarantino perdeu a mão e fez um filme aquém dos anteriores. Falta criatividade no enredo e um maior aproveitamento do tempo. Matar o público de tédio nunca foi uma característica de seus filmes, afinal. E entre as questões discutidas em Os Oito Odiados, há pouco a agregar à filmografia tão rica do diretor.