De Palma
Na programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, dois cineastas de grande prestígio foram objeto de documentários. O diretor de Cidade dos Sonhos foi um deles: em David Lynch: A Vida de Um Artista, o homem foi retratado com ênfase no seu cotidiano de artista e na sua formação. Quando começou a abordar a carreira do criador de Twin Peaks, o filme acabou. Tal decepção não acontece em De Palma, uma longa conversa de Noah Baumbach e Jake Paltrow com o diretor de Vestida Para Matar, com foco justamente em sua obra.
Brian De Palma tem uma carreira bastante rica e diversificada. Diretor de sucessos como o primeiro Missão:Impossível, Carrie – A Estranha, Scarface e Os Intocáveis, o cineasta também dirigiu vários filmes de baixo orçamento ou de baixa repercussão, que não devem ser esquecidos. Um Tiro na Noite, Dublê de Corpo, Irmãs Diabólicas… e mais recentemente, a crítica à Guerra do Iraque em Guerra Sem Cortes, que reinventa um longa-metragem que ele havia feito em 1989 sobre o Vietnã, Pecados da Guerra.
De Palma consiste em um longo depoimento do cineasta, intercalado com imagens dos seus filmes, fotos de arquivo e imagens de filmes aos quais De Palma faz referências na entrevista – muitos deles de Alfred Hitchcock, grande influência na carreira do diretor. Inclusive, o filme de Baumbach e Paltrow abre com uma fala sobre Um Corpo Que Cai, uma das grandes obras primas do mestre do suspense. Ao longo da projeção, o diretor fala sobre as dificuldades que teve para fazer as suas obras, comenta a recepção de cada uma delas. Cada filme de sua trajetória, com exceção do mais recente Paixão (2013), tem um espaço garantido entre os comentários.
Embora seja voltado a fãs do diretor e pessoas que tem interesse muito específico em cinema, o longa-metragem acaba servindo de panorama introdutório para a obra de De Palma. Assim, mesmo quem não conhece os seus filmes, terá uma boa experiência com o documentário. A riqueza do depoimento e das imagens faz com que o público se esqueça de que são 110 minutos de um monólogo, e embarque nessa jornada pela filmografia do diretor. Dá vontade de ver (ou rever) os seus filmes.
| Gabriel Fabri