Moana: Um Mar de Aventuras
Mais de duas décadas após a Disney estrear a animação Pocahontas, o estúdio lança uma nova personagem ameríndia como protagonista de Moana: Um Mar de Aventuras, filme dirigido por Ron Clements e Don Hall. Partindo de uma premissa simples, a do filho superprotegido pelos pais que precisa andar por si próprio, o longa-metragem tem potencial para conquistar os corações do público com a mesma intensidade de Frozen, a mais recente animação do estúdio – até na música, uma vez que How Far I’ll Go, lançada na voz de Alessia Cara, é tão cativante quanto Let it Go. Mas que fique claro: como a própria personagem afirma, essa não é uma história de princesas.
Quando criança, Moana (dublada por Auliʻi Cravalho) viu o mar se abrir para ela e lhe entregar um amuleto. Entretanto, ela achou que isso era um sonho. Sempre impedida pelo seu pai de entrar na água, a personagem, agora já crescida, percebe que pescar além do recife seria a única solução para a escassez de comida pela qual a pequena ilha em que moram está passando. É o momento em que sua avó lhe revela o que realmente significou o episódio do amuleto na infância. Aquela pedra verde é o coração de um monstro – e ele deve ser devolvido para a natureza restaurar o seu equilíbrio. Mas Moana não conseguirá sozinha: ela precisará encontrar Maui (Dwayne Johnson), o deus que arrancou o coração, para ajudá-la a devolvê-la. Nessa viagem, ela terá também a companhia de um frango atrapalhado.
Moana e Maui cativam, cada um a sua maneira. Sua relação, que envolve um pouco de companheirismo e um pouco de antagonismo, sustenta o longa-metragem com um bom time para o público torcer e acompanhar nessa aventura – apesar de Maui ser um deus gigante e metido, ele também é um humano com as suas inseguranças. As tatuagens animadas dele são um detalhe curioso e usado de maneira criativa. O galo que os acompanha na aventura também é sabiamente utilizado na trama e até o oceano vira um personagem engraçado nesse filme, que sabe intercalar bem humor, aventura e as canções.
É bom mencionar a importância de se ter uma heroína índia, valorizando toda uma cultura que está ameaçada, mostrando um pouco do misticismo e de costumes, mesmo que a maior parte dele seja inventado. Afinal, é fato que, na trama, o Oceano escolhe, entre tantos guerreiros musculosos, uma mulher ameríndia para salvar o mundo. No filme, tal mundo está prestes a ser destruído por uma consequência de uma ação de Maui, que roubou o tal do coração, como um verdadeiro colonizador. E apesar de ele ser um deus com poderes mágicos, a metáfora aqui é óbvia: Moana fala sobre o perigo da destruição do planeta pelos seres humanos. Uma destruição que não só é ecológica, mas também cultural. Para liderar a salvação, nada mais adequado do que uma índia, cuja cultura e terras já estão praticamente destruídas na atualidade, exceto em alguns locais de resistência.
Mas não podemos nos esquecer que Moana é também uma adolescente que está descobrindo o seu potencial, descobrindo que pode mais do que os outros permitem ou dizem que ela pode. Ela não é diferente de qualquer pessoa que é ou já foi jovem. A identificação com ela, portanto, é certeira. Moana não tem nenhum personagem tão icônico como Olaf, o boneco de neve de Frozen, e tem uma história bastante simples. Mesmo assim, é dessas animações que têm que entrar para o hall dos grandes títulos da Disney, não só porque tem uma força simbólica, mas pelo simples fato de que, sim, é muito boa.
| Gabriel Fabri
Adoreeeeeei! Estou ainda mais ansiosa para assistir a estreia depois de ler a sua resenha.
beijos e sucesso sempre!