Rei Arthur: A Lenda da Espada
Após recriar o clássico personagem Sherlock Holmes, transformando o detetive quase em um super-herói, e realizar um excelente trabalho no divertido O Agente da U.N.C.L.E., o cineasta inglês Guy Ritche recebe uma nova missão: atualizar a lenda medieval do Rei Arthur, pouco mais de uma década depois da versão de Antoine Fuqua com Clive Owen no papel principal. Em Rei Arthur: A Lenda da Espada, Ritche imprime um ritmo frenético ao longa-metragem, produzindo um frescor de novidade na história e priorizando a ação.
Ao assumir o reino que era governado pelo irmão, o tirano Vortigem (Jude Law) não conseguiu se apossar da Excalibur, uma espada mágica entregue a sua família pelo mago Merlim. Apenas o seu sobrinho, Arthur (Charlie Hunnam), o verdadeiro herdeiro do trono, pode tirar a espada da rocha. Ele, entretanto, conseguiu escapar ainda criança, e acabou sendo criado em um bordel. Após um incidente o colocar na mira dos guardas do reino, Arthur acaba se submetendo ao teste da espada e consegue retirá-la da rocha. A partir daí, ele deve liderar um exército de rebeldes para derrubar o reinado ilegítimo e tirano do tio.
O longa de Ritche se destaca por dois aspectos muito marcantes: a trilha sonora e a montagem. Combinadas, as duas tornam a história acelerada e as cenas de luta mais alucinantes. Esses são os dois pilares da estética do filme e que o tornam envolvente para o público. Com um maniqueísmo sem nuances entre vilão e mocinho e uma trama simples, o entretenimento é certeiro, mas raso. Apostando no lugar seguro, apesar dessa estética de videoclipe ser um pouco acelerada demais para um épico, Ritche ainda transforma o Arthur de Hunnam em uma espécie de clone do Sherlock de Downey Jr – o Arthur aqui não só é um homem nobre destinado a ser o salvador da pátria, mas também tem o estilo de inglês descolado e boa pinta.
Com uma referência clara a Harry Potter e A Câmara Secreta, o novo Rei Arthur parece antenado ao sucesso da série de TV Game of Thrones e ao vácuo gerado pelo fim da trilogia O Hobbit. Unindo fantasia e ação, e também uma participação feminina de destaque na história, com a feiticeira (Astrid Bergès-Frisbey) em um papel que em outros tempos caberia ao mago Merlim, o longa-metragem entretém, apesar de não surpreender. O excesso de cores escuras incomoda, ainda mais com o 3D e o excesso de cortes na montagem – a dica é tentar procurar salas sem essa tecnologia, que, como na maioria dos casos, não se justifica.
Por Gabriel Fabri