Caixa de Pássaros – Crítica
Produção da Netflix, o suspense Caixa de Pássaros adapta o best seller de mesmo nome de Josh Malerman. Para essa missão um tanto complexa, foi escalado um time classe A de Hollywood: a vencedora do Oscar Sandra Bullock, o veterano John Malkovich e a diretora dinamarquesa Susanne Bier, de Em Um Mundo Melhor, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e Segunda Chance.
O longa-metragem consegue transpor a atmosfera de suspense e desespero do livro e resulta em uma satisfatória adaptação. A tarefa apenas parece simples: Malorie (Bullock) atravessa um rio, vendada, com os seus dois filhos pequenos. Em flashbacks, o filme conta como a sociedade, de uma hora para outra, passou a viver às cegas: trancados em suas casas, sem poder enxergar o mundo de fora. Trata-se, portanto, de uma trama um tanto claustrofóbica, na qual não se enxerga o perigo – aberta, portanto, a teorias e abstrações do leitor e do espectador.
A estrutura entrecortada do livro funciona bem também nas telas, com a introdução já deixando o espectador fisgado. De cara podemos supor que apenas Malorie e as crianças sobrevivem, o que deixa no ar uma tensão para saber o que acontece naquela casa, na qual a mulher é abrigada por estranhos que não se conhecem.
Completos estranhos presos em uma casa na qual a comida é escassa, em meio ao fim do mundo, é uma boa premissa para todo o tipo de problema e o filme acerta em abreviar o tempo em que Malorie demora para chegar a essa casa. A convivência entre eles, entretanto, tem uma tensão, mas não no sentido de que um deles pode ser perigoso: é aí que o filme erra em relação ao livro, pois, no fundo, ninguém ali naquela casa tem medo do que o outro pode fazer. Assim, Caixa de Pássaros perde um pouco da força da obra original, explorando menos esse perigo que mora ao lado, em especial o estranho que chega por último na casa, Gary (Tom Hollander), e acaba focando mais na atração entre Malorie e Tom (Trevante Rhodes). Estender esse último assunto foi também uma maneira de explorar a mitologia das criaturas, o que não era tão necessário quanto explorar as personalidades dos desconhecidos que moram alí.
Por Gabriel Fabri
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