Uma Nova Chance – Crítica
Talvez os filmes de super heróis tenham tirado a visibilidade do gênero, porém, nas duas décadas passadas, a Comédia Romântica era um dos mais lucrativos de Hollywood. Recentemente o estilo ganhou força na Netflix. Longas como A Barraca do Beijo e Para Todos Garotos que Já Amei, com um elenco mais jovem e uma estética descolada, agradaram um público que certamente não assistiu a clássicos como Um Lugar Chamado Nothing Hill e O Casamento do Meu Melhor Amigo. Uma Nova Chance, porém, retoma a Comédia Romântica na sua forma mais clássica.
O longa traz Jennifer Lopez interpretando Maya, uma gerente de supermercado que perde, para um homem completamente despreparado, uma promoção de emprego. A sorte dela muda quando o seu afilhado cria um currículo falso e envia a uma grande empresa de cosméticos, o que faz com que ela consiga um alto cargo de consultora.
Dentro de todos os clichês e convenções, a vida de Maya se transforma. O namorado Trey (Milo Ventimiglia) rompe o antigo relacionamento e ela se depara com uma nova realidade, diante dos luxos e das competições do mundo corporativo.
Na multinacional conhecemos Zoe (Vanessa Hudgens), filha do dono da empresa, que assume o papel de rival da protagonista em um projeto para desenvolver uma nova linha de cosméticos orgânicos. Até aí a trama da Cinderela nova iorquina sobrevivendo em um ambiente completamente novo estava funcionando muito bem. Porém um plot twist (na minha opinião, bem forçado) tira completamente o foco da trama, adicionando uma pesada camada de melodrama à comédia sentimental. A partir daí o filme passa a não funcionar muito bem, incapaz de trabalhar com competência os elementos apresentados até então.
No início do ato final, quando há a resolução da farsa do currículo, o roteiro se esforça bravamente em fugir do óbvio. Tal esmero até que agrega valor ao filme, porém acaba por apagar completamente Ron (Freddie Stroma), um protótipo de vilão sem graça que, na última parte do filme, se revela absolutamente insignificante à trama.
Apesar dos graves erros, o filme não é descartável: as boas atuações de Lopez e Hudgens são sem dúvida um mérito. Outro ponto alto do filme são os momentos cômicos, principalmente aqueles em que há a presença das velhas amigas de Maya, além daqueles que mostram as gafes da protagonista tentado manter a personagem criada pelo currículo.
Uma Nova Chance é um filme fraco, não pela sua premissa, mas sim por desperdiça-la em prol de um inverossímil e insustentável melodrama.
Por Caio Ramos Simidzu
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