Vingadores: Ultimato – Crítica
ATENÇÃO: ESTE TEXTO TEM SPOILERS! (Só continue se já assistiu ao filme)
Em 2008 é possível dizer que os super-heróis se consolidam como gênero cinematográfico: Christopher Nolan abalava o mundo com o denso e realista Batman – O Cavaleiro das Trevas, reforçando que o mundo dos quadrinhos poderia render obras primas ao cinema. Porém poucos meses antes, o também excelente Homem de Ferro ia por um caminho diferente: dava o passo inicial para criação de um universo compartilhado, que consistia em filmes interligados entre si e que tinham como base a obra de Stan Lee e Jack Kirby na Marvel Comics. Onze anos depois que a primeira era dessa saga se encerra com Vingadores: Ultimato.
O longa é dirigido pelos já experientes Irmãos Russo (Capitão América: Guerra Civil e Vingadores: Guerra Infinita) e é um dos maiores espetáculos que podem ser vivenciados dentro de uma sala de cinema.
Logicamente podemos e devemos ponderar os êxitos do filme, já que eles têm o apoio de outros 21 lançados anteriormente, construindo e expandindo aqueles personagens e seus cenários. Ainda sim os seus méritos são incontestáveis, e eles se dão de diversas maneiras.
A sofisticação do roteiro é sem dúvida um destaque: ele é antes de tudo imprevisível! O melhor exemplo é matar Thanos (Josh Brolin) nos primeiros minutos do filme e de uma forma que chega a ser banal, desconstruindo o vilão implacável de Guerra Infinita. Além disso, é extremamente hábil na maneira em que, no segundo ato, homenageia e retoma os longas anteriores do universo, oscilando entre o cômico e o emotivo, porém tudo no tom e na quantidade exata, sem excessos.
Dividido em três atos bem demarcados, a direção acerta em conseguir construir o clima de cada um deles. Na primeira parte, em que acompanhamos os impactos do estalo de Thanos, temos um ritmo lento e um tom triste e sombrio; já a segunda retoma a leveza característica do Universo Cinematográfico Marvel, quando o plano para reverter o massacre é posto em prática e os Vingadores saem em uma jornada em busca das Joias do Infinito. Para o terceiro e último ato sobra uma batalha épica, que certamente se tornará uma das mais memoráveis da história do cinema. Além da complexidade e habilidade com que é trabalhada, essa diversidade de tons no filme garante a Ultimato uma estrutura e uma atmosfera muito diferente do anterior Guerra Infinita.
Sobre todos esses méritos, é necessário perceber que a produção direcionou o filme diretamente a seu público. Porém diferentemente do que vemos em muitas outras obras, em que os fan services tendem a ser forçados e mal construídos, aqui eles funcionam brilhantemente. Por quê? Porque aqui eles são o clímax de uma jornada construída por vinte e dois filmes ao longo de onze anos.
Alguns se incomodaram com o fato de outros personagens, principalmente a Capitã Marvel (Brie Larson), ficarem em segundo plano. Tal opção é extremamente compreensível, já que o filme está focado em fechar o arco da primeira geração dos Vingadores e é neles que a narrativa se aprofunda e destaca nos três atos do filme.
Vingadores: Ultimato é o desfecho épico de uma saga e certamente o ápice cinema de super-heróis. Só nos resta, porém, uma reflexão: após o auge vem a decadência: que fazer quando tudo já foi feito?
Por Caio Ramos Simidzu
Confira o trailer de Vingadores: Ultimato clicando aqui.