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Wasp Network: para Edgar Ramírez, filme sobre espiões de Cuba não toma posição do regime de Fidel - Pop with Popcorn

Wasp Network: para Edgar Ramírez, filme sobre espiões de Cuba não toma posição do regime de Fidel

Diretor Olivier Assayas e os atores Edgar Ramírez e Leonardo Sbaraglia falam sobre Wasp Network, o filme de abertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo baseado na obra de Fernando Morais

O novo filme do francês Olivier Assayas (Personal Shopper), homenageado durante a 43ª Mostra Internacional de Cinema, tem DNA brasileiro: baseado no livro-reportagem Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais, Wasp Network tem produção do brasileiro Rodrigo Teixeira (Ad Astra) e conta com Wagner Moura no elenco. Escolhido para a abertura da 43ª Mostra, o longa-metragem, ambientado em sua maior parte em Cuba e Miami, tem no elenco nomes latinos como a espanhola Penélope Cruz, o venezuelano Edgar Ramírez e o argentino Leonardo Sbaraglia.

Assayas, Teixeira, Ramírez e Sbaraglia estiveram presente em coletiva de imprensa em São Paulo para divulgar o filme, que ainda não tem distribuição definida no Brasil – as negociações, de acordo com o produtor, devem ser fechadas em breve. Exibido no Festival de Veneza, Wasp Network chega à 43ª Mostra com nova montagem, com três minutos a mais. Segundo o diretor, foram feitos pequenos ajustes para simplificar a narrativa política da trama, que o próprio considera “controversa”.

Na trama, Ramírez interpreta René Gonzalez, um homem que abandona Cuba para entrar em uma organização que, supostamente, lutava pela democracia na ilha, então sob a ditadura de Fidel Castro. Financiados pelo tráfico de drogas e interesses estrangeiros, esses grupos praticavam terrorismo na ilha como forma de enfraquecer o regime, extremamente dependente do turismo. O personagem de Ramírez, entretanto, atuava como infiltrado para o regime cubano.

O diretor tentou se ater somente aos fatos para equilibrar as visões dos cubanos exilados nos Estados Unidos e as dos cubanos que defendiam o regime. “Colocamos na tela o que aconteceu e, então, existem coisas que desagradam um e coisas que desagradam outros”, afirmou.

No momento de maior impacto do filme, Assayas usou uma imagem real de uma entrevista de Fidel Castro, que condenava a prisão de espiões cubanos. “Usei porque existe e seria injusto com o público não usá-la”, afirma o diretor, ressaltando ser uma declaração bastante precisa sobre a visão dos cubanos quanto ao episódio. “Não tenho nenhuma simpatia por regimes autoritários, mas, nesse caso, Castro tinha um ponto”, completa.

O ator Édgar Ramírez complementou a fala de Assayas. “Olivier não está tomando posição”, afirmou. “É o espectador que deve tomar”. Durante a coletiva, Ramírez deixou bem claro as suas críticas tanto quanto ao regime de Fidel Castro em Cuba quanto à atual situação na Venezuela, país onde nasceu, relacionando os dois de maneira pessoal. “O meu país foi vítima de espionagem cubana”, contou.

Rodrigo Teixeira, Leonardo Sbaraglia, Édgar Ramírez e Olivier Assayas (Foto: Blog de Hollywood)

“A Venezuela é vítima de Castro. Eu sou vítima de Castro”, declarou o ator. “Eu venho de um país que foi demolido pela ideologia de um jeito que nenhum outro da América Latina foi”. Portanto, atuar em Wasp Network foi um exercício de empatia. “A ideologia, tanto de esquerda quanto de direita, afasta as pessoas. Em um mundo de verdades dogmáticas, vou na direção do lado humano.”

Foi justamente o lado humano que Assayas tentou buscar ao adaptar o livro de Morais para as telas. Por isso, o foco no protagonismo das mulheres, em especial na personagem de Penélope Cruz, esposa de González. “Percebi que a história tinha um forte drama humano”, explica o diretor. “O que mais me interessou foram os casais, por isso dei mais peso para as esposas, as namoradas.”

A questão de homens, voluntariamente e sem dar explicações, abandonarem as próprias famílias foi um fator que intrigou Ramírez. “Conheço bem o que é romper famílias, e isso não se faz voluntariamente”, afirmou, situando a Venezuela como um dos países com mais exilados do mundo.

Em um dos momentos mais descontraídos da coletiva, o argentino Leonardo Sbaraglia contou que essa é a sua segunda vez estrelando um filme com a atriz Penélope Cruz. “Trabalhei duas vezes com ela, mas nunca trabalhei com ela”, conta, rindo do fato de não ter contracenado novamente com a premiada atriz espanhola. Os dois integraram o elenco de Dor e Glória, de Pedro Almodóvar.

Por Gabriel Fabri

Veja o trailer de Wasp Network:

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