Como Treinar o Seu Dragão 2
Por Gabriel Fabri
O Fúria da Noite era o dragão mais temido de um vilarejo vicking, cuja dinâmica social era organizada em torno da proteção à ameaça representada pelas criaturas voadoras. Soluço, o filho do líder da comunidade, não tem nenhuma das qualidades esperadas pelo seu pai, até que captura o tal dragão e decide cuidar dele, ao invés de matá-lo, causando uma verdadeira mudança de percepção entre os humanos. Essa é a história de “Como Treinar O Seu Dragão”, uma animação sobre o medo do que é diferente e as maneiras de lidar com isso. A sequência, “Como Treinar o Seu Dragão 2“, continua com a mesma mensagem, e resulta também em um filme de boa qualidade.
Cinco anos após o desfecho do primeiro longa-metragem, o vilarejo de Soluço vive em perfeita harmonia com os dragões, que foram acolhidos pela comunidade. A tranquilidade pode acabar devido à ameaça de Drago, que planeja extinguir os dragões controlando um exército dessas criaturas. Soluço terá a ajuda de sua namorada, Astrid, e também de uma personagem inesperada. Gerard Butler, Cate Blanchett e America Ferrera são alguns dos dubladores na versão em inglês.
A sequência sabe aproveitar os personagens bem construídos do primeiro filme, criando simpatia no público e sempre dando alguma função para os coadjuvantes. A variedade não prejudica o ritmo da obra, pelo contrário, ajuda com momentos de humor. O mais interessante é que a maioria desses personagens não são mais crianças em treinamento, e sim adolescentes que querem mostrar o seu valor. Saem as brincadeiras com os dragões e entram os conflitos dessa faixa etária. O destaque é um “triângulo amoroso” que já estava presente no primeiro filme, mas que agora ganha mais espaço na trama.
A idealização do personagem principal parece um tanto exagerada. Soluço é romantizado demais. Entretanto, isso não chega a prejudicar a obra, que se mantém verossímil (levando em conta que se trata de uma fantasia com dragões, claro) e envolvente do começo ao fim. Se o primeiro longa-metragem teve a ousadia de terminar com Soluço mutilado, faltou explorar um pouco esse aspecto, que é bastante negligenciado. Entretanto, a dose de ousadia aqui existe, e está na arrebatadora reviravolta do clímax, que deve provocar algumas lágrimas na plateia.
Incomoda um pouco que um filme sobre aceitação tenha que disfarçar a homossexualidade de um personagem de modo que apenas os adultos entendam. Mas isso é apenas um detalhe. “Como Treinar o Seu Dragão 2” é uma ótima animação, muito acima da média e que deve encantar a todos. Até por que é impossível resistir ao sorriso do Banguela, o dragão fofo de Soluço, aqui ainda mais encantador.