Julia e a Raposa (42ª Mostra Internacional de Cinema)
Segundo longa-metragem de Inés María Barrionuevo, Julia e a Raposa retrata a imobilidade de uma atriz em depressão. O filme argentino, que integra a programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema, foca nessa personagem que, cuidando de uma filha pequena, tenta retomar as rédeas de sua vida, após a morte de seu marido.
Para retratar essa depressão, o longa-metragem aposta em tons escuros, tanto na iluminação, quanto nos cenários e nos figurinos. A ambientação se dá em uma casa de veraneio caindo aos pedaços, na qual Julia (Umbra Colombo) e sua filha chegam e a encontram vandalizada: um pênis desenhado na parede, uma geladeira faltando. Julia tenta vender a casa, mas, enquanto isso não se concretiza, ela busca seguir em frente: um novo romance, a oportunidade de trabalhar em uma peça, o cuidado com a filha pequena, o uso de drogas ou uma tentativa de obter prazer através da masturbação. Mas o clima em Julia e a Raposa é sempre pesado.
Embora sua protagonista seja bem construída, o filme tem dificuldades em cativar o público, com roteiro cansativo no qual pouco acontece. Nem o carisma de Victoria Castelo Arzubialde, como a filha, segura a história, que parece não saber bem aonde quer chegar. A tal raposa do título vem de uma fábula usada como introdução do filme, mas esta não é bem explorada durante o longa-metragem. O que tem a ver a raposa que perdeu o rabo com a história do filme ou com as suas personagens? Está aí o grande mistério do longa-metragem.
Por Gabriel Fabri
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