Kondzilla e Netflix lançam “Sintonia” em São Paulo
Série de seis episódios é lançada mundialmente no dia 9 de agosto; o primeiro capítulo de Sintonia pode ser visto gratuitamente entre os dias 2 e 4 no canal Kondzilla do Youtube
A vida nas periferias brasileiras já foi foco de diversos longa-metragens e séries de ficção – muitos, como Antônia, de Tata Amaral, trouxeram uma visão positiva desse ambiente, valorizando a cultura musical, que anteriormente era dominada pelo hip hop. A produção original da Netflix Sintonia vem suprir uma lacuna recente ao falar sobre a juventude periférica de hoje e a sua grande sensação: o funk.
Quando se fala nesse estilo musical, é impossível não pensar em dois nomes. O primeiro é Anitta, que internacionalizou a sua carreira e com ela o gênero musical – em 2019, até Madonna já gravou um funk; o segundo, mas não menos importante, é Konrad, o “Kond” do Kondzilla, simplesmente o maior canal do Youtube do país e um dos maiores do mundo. Hoje com mais de 50 milhões de inscritos na página, o empresário agencia artistas, financia clipes e, agora, produz Sintonia. Passaram pelo canal nomes como Kevinho, de Olha a Explosão, Mc Zaac, de Bumbum Granada, e Mc Fioti, de Bum Bum Tam Tam. Lembra do hit do “pai te ama”, Deu Onda, de MC G15? Também está no canal.
A série Sintonia, ficcional, foca em três jovens da periferia de São Paulo. Cada um atrás dos seus “corre”: Doni (MC Jottapê) quer ser MC e enfrenta resistência do pai; Nando (Christian Malheiros) quer subir no “crime”, organização que controla o tráfico de drogas na região; Rita (Bruna Mascarenhos), após sua amiga ser presa, vê na Igreja mais que um acolhimento, mas uma oportunidade.
Para a produtora Rita Moraes, o diferencial da série é ter estruturado em uma linguagem cinematográfica clássica um ponto de vista original sobre a juventude e a favela, o olhar do próprio Konrad. “Os personagens não são reais, mas as vivências estavam ali, na pele dele, e a gente percebeu isso”, conta em entrevista ao Pop with Popcorn. “Konrad tinha o sonho de contar fragmentos de sua vida, é um ponto de vista muito verdadeiro”. Para a produtora, a grande força de Sintonia é representar o jovem de hoje. “A gente quer mostrar um Brasil que as pessoas não tiveram a chance de ver ainda, da forma que está, com essa juventude que está chegando agora.”
O produtor Felipe Braga reforça a ideia de que o diferencial da série está na sua conexão com a juventude que se permite sonhar. “São três personagens que querem ser algo especial, eles têm um sonho que não pode ser comprometido por um Brasil que diz que eles não podem vencer, um Brasil que diz que eles não podem ser grandes, um Brasil que diz que eles têm que ficar onde nasceram”, afirma. “Eles não vão permitir que a sociedade diga que eles não podem ser o que querem ser.”
Frio na Barriga
Na Kondzilla, uma lei é pensar que “vai dar merda” – por isso, as equipes e os artistas precisam estar preparados para tudo. Questionado sobre qual momento sentiram aquele frio na barriga, Christian Malheiros fala sobre as suas origens. “Eu sou de periferia, mas a gente está criando uma representatividade que não existe”, afirma. “Como as pessoas vão entender isso, como que isso vai chegar nas pessoas são questões constantes, então, o frio na barriga está até agora”. Já Bruna superou essa sensação aprendendo com a sua personagem. “A Rita é muito sonhadora, muito determinada, sabe muito o que ela quer, então a gente fez uma troca, ela me ensinou muito.”
Falando em inseguranças, Jottapê apontou qual é, para ele, a maior dificuldade do seu personagem Doni: a relação com os pais. “Ele não tem apoio da família, porque quer cantar funk”, explica. Entretanto, o empresário Eder (Vinicius de Oliveira), abre algumas portas para ele, mas não do jeito que o personagem esperava. O ator, porém, não enxerga seu personagem como vilão da série. “Quando você entra no mundo da música, que envolve dinheiro, você precisa ser um pouco mais duro. Nesse sentido, talvez ele tenha pego um pesado com o Doni”, conta Oliveira.
“Deus ama quem dá com alegria”
É possível dividir a série em três pilares, um para cada protagonista: funk, tráfico e igreja. São elementos que estão muito presentes na vida dos jovens, mas que cada um dos personagens do trio principal vai se relacionar com mais afinco. Rita, por exemplo, acaba ficando encantada com uma igreja evangélica. “É uma fé que movimenta muita grana”, comenta Luciano Bortoluzzi, que interpreta o Pastor Leopoldo. “A grande jogada do personagem é que ele vê a Rita com um potencial gigante para ajudá-lo a arrecadar mais fiéis”, completa o ator.
Acesse o canal Kondzilla e assista ao primeiro episódio de Sintonia entre os dias 2 e 4 de agosto, gratuitamente.
Assista abaixo ao trailer de Sintonia. Dia 9 de agosto na Netflix: