Nova Ordem (44ª Mostra Internacional de Cinema)
Vencedor do Leão de Prata, o mexicano Nova Ordem é o filme de abertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Vencedor do Leão de Prata e do Leoncino d’Oro Agiscuola do Festival de Veneza, o mexicano Nova Ordem foi escolhido como filme de abertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Michel Franco (do genial Depois de Lúcia), o longa-metragem retrata a brutalidade de regimes militaristas.
Nova Ordem começa com uma festa de casamento em uma casa da elite mexicana. Os anfitriões são logo incomodados com a presença de um ex-funcionário, pedindo dinheiro para uma cirurgia. O desconforto é óbvio. Entretanto, esse não era o único problema da festa: enquanto ocorrem motins por toda a Cidade do México, invasores interrompem a comemoração com uma sangrenta abordagem.
Na América Latina, falar sobre a crueldade de regimes militares faz parte do DNA de todo o continente, incluindo aí o Brasil. Nova Ordem imagina, por sua vez, um novo Golpe de Estado, ambientado nos dias de hoje. A diferença primordial é que, como o filme é focado na noiva, Marianne, o filme mostra que nem a elite, sempre beneficiada pelos regimes autoritários, está a salvo das consequências de uma militarização. A elite, por mais egoísta que seja retratada, está em posição de vítima aqui, algo que raramente é visto em filmes que fale sobre luta de classes.

Nova Ordem mostra militares corruptos, uma elite corrupta e uma classe trabalhadora em uma posição de corrompida: são violentos e vingativos, em suma, e promovem um confronto sangrento. O resultado disso não é um governo popular ou uma melhora de suas vidas, porém. Em Nova Ordem, a violência só gera mais violência, e ninguém está a salvo, nem mesmo os próprios militares envolvidos no golpe.
Violento, Nova Ordem traça um cenário desesperançoso, especialmente considerando os atuais contextos políticos mundiais, com a ascensão de governos de extrema direita. O filme não envolve muito o público com seus personagens, e podia usar melhor os toques de estranheza, como a tinta verde. Entretanto, funciona como um alerta sobre o quanto as coisas podem piorar, independente de como elas estejam.
Por Gabriel Fabri
Assista ao filme acessando o Mostra Play clicando aqui. Assista ao trailer do filme abaixo:
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