O Grande Hotel Budapeste
Por Gabriel Fabri
A narração que lembra a de uma história infantil; o cenário colorido e minuciosamente construído, valorizado por planos abertos; personagens excêntricos, às vezes até caricaturais; um humor contido, presente nos detalhes. Estamos, sem dúvida, falando de um filme de Wes Anderson. Dois anos após “Moonrise Kingdom”, o cineasta retorna com “O Grande Hotel Budapeste“.
Na trama, Zero, o dono do hotel do título, conta para um escritor a história de como veio a se tornar o responsável pelo estabelecimento, que já foi um dos mais luxuosos e extravagantes da Europa. Interpretado na juventude pelo estreante Tony Revolori, o personagem narra os seus primeiros dias de trabalho como mensageiro e se debruça sobre a sua relação com o chefe, Gustave (Ralph Fiennes), que na época era o concierge do hotel – um homem fã de perfume franceses que sentia atração por mulheres ricas, solitárias, loiras e idosas. Zero acompanha Gustave na confusão em que ele se mete quando uma de suas amantes morre e o deixa um valioso quadro como herança, à contragosto da família da falecida.
O filme de Anderson consegue construir boas sequências de humor, como uma simples troca de quadros em uma parede, e de aventura, como a empolgante perseguição na neve. Embora conte com um elenco de bons atores, como Willem Dafoe (“Ninfomaníaca“) e Léa Seydoux (“Azul é a Cor Mais Quente“), a grande estrela é mesmo a direção de arte do filme: os detalhes dos cenários impressionam e encantam, a começar pela construção do hotel, feita em maquetes. É o hotel do título o verdadeiro atrativo do filme, cuja narrativa parece simples demais perto da complexidade dos cenários.
“O Grande Hotel Budapeste” é um bom filme, mas que não chega muito perto das obras anteriores de Anderson. O diretor parece um tanto acomodado com o seu estilo deslumbrante, que não é mais uma novidade. Assim, quando o encantamento com a direção de arte acaba, sobra pouco o que ressaltar.