Por Gabriel Fabri
Depois de oito temporadas, a série de TV norte-americana “24 Horas” se encerrou com a expectativa de um possível retorno nos cinemas. Quatro anos depois, a ideia foi descartada e deu lugar à minissérie “24 Horas: Viva um Novo Dia” – uma temporada reduzida à metade (12 episódios, ao invés de 24), com a promessa de dar um final mais digno à série. Ou, quem sabe, uma sobrevida.
Kiefer Sutherland retorna à pele do agente Jack Bauer, agora considerado um terrorista pelo governo dos Estados Unidos. O atual presidente norte-americano é um velho conhecido, James Heller (William Devane), pai de Audrey Raines (Kim Raver), o grande par romântico de Bauer ao longo da série. Heller está em Londres, na Inglaterra, para assinar um acordo de cooperação com o primeiro-ministro desse país. Os destinos dos três devem voltar a se cruzar quando Jack ajuda Chloe O’Brien (Mary Lynn Rajskub) a fugir de uma instalação da CIA, para auxiliá-lo a deter com uma nova ameaça: uma terrorista pretende atacar civis em Londres utilizando armas norte-americanas, e o Presidente dos EUA também pode estar na mira.
A pausa de quatro anos fez bem à história, que volta com um quê de nostalgia. A nova temporada reúne o que a série soube fazer de melhor: tramas instigantes, com pessoas que não são o que parecem, traições, a corrida contra o tempo, acentuada pela montagem paralela e a sensação de “tempo real”. Os fãs da série vão amar ouvir novamente o barulho do relógio, que se tornou uma marca do seriado. Embora o tema do terrorismo se repita mais uma vez (ok, pela nona vez…), a mudança à Londres traz mais peso aos problemas, pois a questão diplomática fica ainda mais delicada. E, ao contrário de algumas temporadas anteriores, a série consegue ser empolgante todo episódio.
“Viva Um Novo Dia”, porém, se limita a ser mais uma boa temporada de “24 Horas”. A sensação de que estava faltando algo para terminar a saga de Jack Bauer continua, e a série demora para mostrar a que veio. Só no último episódio que, de maneira apressada, os produtores fecham uma das principais tramas, mas sem dar um desfecho satisfatório para Bauer. Desprovido de emoção, o final torna o personagem de Sutherland um coadjuvante em sua própria história. Continua sendo o herói, mas um herói superficial, em um fim parecido com o que já foi mostrado antes, inclusive em episódios finais de temporada.
Um sinal, portanto, de que talvez “24 Horas” precise de mais temporadas como essa. Resta saber se haverá criatividade para tanto ou se, na verdade, a série já deveria ter se encerrado faz tempo.