Já Estou Com Saudades
É difícil inovar em filmes sobre câncer. Mas a proposta nunca é essa mesmo e a batalha dura contra uma doença é algo que pode sempre render uma boa história e provocar uma boa dose de lágrimas. Recentemente, o câncer na adolescência foi tema do sucesso A Culpa é das Estrelas, adaptação do bestseller de John Green. Em Já Estou Com Saudades, de Catherine Hardwicke (diretora do primeiro filme da saga Crepúsculo), a vítima também é jovem, mas nem tanto: antes de completar 40 anos, Milly (Toni Collette) é diagnosticada com câncer de mama. Contar para o marido e os dois filhos pequenos será só o começo de sua luta.
O grande diferencial de Já Estou Com Saudades é que a história é narrada não pela personagem de Collette, mas sim por Jess (Drew Barrymore), a sua melhor amiga. A relação entre as duas é o centro da história, e o câncer chega como um fator que tumultua a amizade entre as duas – assim como tumultua os casamentos tanto de Milly quanto de Jess. Na cena inicial, vemos a personagem de Barrymore em trabalho de parto, lamentando que sua amiga não está lá com ela. Com dificuldades para engravidar, seria natural que Milly estivesse naquele momento com a melhor amiga. Mas não está, e o público não deve tardar para intuir o motivo.
Não há nada de muito criativo no longa-metragem, mas a história cativa, principalmente pela química entre as duas amigas. O filme consegue emocionar, mesmo sendo previsível, e retrata bem como a doença não atinge somente uma pessoa, mas todos ao redor. Força muito a barra com a coincidência com relação a um hotel, mas depois de uma cena como a que veio um pouco antes – quando as duas amigas dançam juntas com um taxista após cometerem um grande loucura (viajar 400km por impulso?) -, é um detalhe que passará desapercebido.
| Gabriel Fabri