Her Composition (40a Mostra)
Rejeitada pela faculdade de música, onde não conseguiu a bolsa que almejava, e também pelo namorado, com o plus de não estar encontrando a sua própria voz para a criação artística, Malorie (Joslyn Jensen) descobre o mundo da prostituição em Her Composition, dirigido por Sthepan Littger. Ao entrar em contato com o universo das chamadas “acompanhantes de luxo”, a garota percebe que existe ali uma oportunidade não só para ela ganhar dinheiro, mas também para conseguir um tipo diferente de repertório que não teve no curso de música.
O problema maior do filme é que muitas coisas ficam no ar e é um pouco difícil entender algumas motivações e sentimentos da personagem. A principal, a de ser garota de programa, fica clara, mas a ajuda que Malorie dá para uma ONG feminista fica incompreensível no contexto. A personagem é fechada não só para si mesmo, mas para o público, e o longa-metragem não consegue explorar esses “mistérios” dessa mulher. Violência, possível gravidez, possível DST, um amigo que parece estar afim dela, nada disso parece afetar Malorie, que segue determinada apenas a concluir a sua partitura musical, mas é uma determinação esquisita. Meio que, perdida, Malorie se agarra a esse único objetivo que sobrou, e tenta se encontrar nesse processo.
É um filme incômodo, justamente por lidar com uma dor silenciosa. Mas esse incômodo não é o suficiente para fazer de Her Composition um bom longa-metragem. Por que o maior incômodo é o de que a obra parece estar tentando expressar algo, e não consegue. O roteiro e a equipe do filme parecem sofrer do mesmo mal da personagem, em suma: a sensação de que falta inspiração ou conteúdo para uma boa história. Uma trama com potencial desperdiçado e com um certo receio de se politizar demais que acaba esvaziando o resultado.
| Gabriel Fabri