Eu Não Sou Seu Negro

Em uma cena de Imitação da Vida, melodrama de Stahl dos anos 1930 que foi refilmado por Douglas Sirk na década de 1950, uma senhora negra vai levar para a sua filha um guarda-chuva na escola. O momento é de humilhação para a garota, que é interpretada por uma atriz branca e que esconde de todos que ela veio de uma negra. O reconhecimento dos colegas de que ela é, na verdade, uma pessoa afrodescendente é insuportável para a menina. Esse fragmento desconcertante é um entre muitos que compõem o filme Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro), do haitiano Raul Peck. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, o filme defende que a história dos Estados Unidos é uma história do racismo e procura tirar o público (em especial o branco estadunidense) da zona de conforto, levando-o a pensar as relações sociais.

O longa-metragem começa falando da importância da representação, de maneira indireta dialogando com os protestos do #OscarSoWhite que marcaram a premiação ano passado. Vários trechos de filmes antigos, e alguns exemplos de publicidades, mostram como o negro era retratado. Os brancos são sempre os heróis corajosos, como nos faroestes de John Wayne; aos negros, papeis subalternos, menores, servis, vilões ou ingênuos – figuras com as quais o narrador não se identificava e diz sequer conhecer alguém igual. O narrador aqui em questão é o romancista James Baldwin (cuja voz é interpretada por Samuel L. Jackson). O seu manuscrito Remember This House, texto não concluído pelo autor, é a inspiração do filme.

Eu Não Sou Seu Negro é uma espécie de filme-manifesto contra o racismo, e funciona como um tapa na cara do espectador. A narrativa foca em três personagens reais que lutaram pelos direitos dos negros – todos eles com opiniões diferentes, mas como o próprio filme diz, após a sua morte foram lembrados mais por suas semelhanças, que residem justamente no objetivo de combater o preconceito racial. Os três nomes são Martin Luther King, Malcom X e Medgar Evers. Os três foram assassinados ainda jovens, mas deixaram a sua contribuição para a luta.

O documentário de Peck subverte a lógica que conta a história dos Estados Unidos através de figuras brancas, como Lincoln, George Washington, Thomas Jefferson etc.  Aqui, quatro séculos são resumidos a esses três figuras que chacoalharam o país, a mentalidade racista e o sonho americano. O filme é uma oportunidade de recontar essa história por outro ponto de vista, combater “achismos” gerais, e problematizar questões como o uso da violência, a raiva envolvendo a questão racial. O documentário soa como um grito dos reprimidos, dos incompreendidos, dos menosprezados, e tem êxito em retratar essa condição. Deixa várias coisas para pensar e, no final, traz uma cena do próprio Baldwin colocando a ideia de “negro” como uma criação branca ocidental. Ele questiona o motivo pelo qual foi criada essa divisão, se somos todos iguais (especialmente em uma sociedade que se diz, e como o filme mostra apenas se diz, ser cristã).

Para ser melhor, o filme só poderia ter explorado mais as figuras femininas, uma falha que talvez deve ser atribuída ao manuscrito de Baldwin, mas que  o documentário poderia trabalhar mais de alguma outra forma, com algum outro texto do autor, ou mesmo tirando alguma licença poética – figuras como Angela Davis, por exemplo, sequer são mencionadas. Com uma montagem eficiente e um conteúdo rico de provocações e material de arquivo, o longa-metragem cumpre o que promete, sem receio de tocar em temas espinhosos.

Por Gabriel Fabri

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