Fátima
Vencedor do César, o Oscar francês, de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Revelação, o longa-metragem Fátima, de Philippe Faucon, é um filme simples, mas que fala de assuntos importantes relacionados à imigração. Ao focar no núcleo de uma família, cuja matriarca é uma imigrante árabe, o filme foca na dificuldade de comunicação entre ela e suas filhas – a mãe fala árabe, as outras falam francês.
Empregada doméstica, Fátima (Soria Zeroual) cria suas duas filhas sozinhas, mas passa por um período difícil: enquanto a mais velha (Zita Hanrot, premiada pelo papel) entra na faculdade de medicina e se muda para perto da universidade, o que corresponde a mais despesas para a família, a filha mais nova (Kenza Noah Aïche) se rebela, ao ponto de questionar o valor de sua mãe. Fátima está, portanto, sozinha. Paralelamente, o filme acompanha o drama das duas meninas, que tem que lidar com a xenofobia, além dos problemas típicos da adolescência.
Falando sobre a dificuldade de comunicação entre pais e filhos como metáfora para o desentendimento entre diferentes culturas, que no caso da imigração acontecem dentro de um mesmo país, Fátima é bem intencionado, mas falta ousadia para se tornar uma obra impactante. A escolha pela delicadeza funciona até certo ponto, mas o filme acaba ganhando mesmo pela importância do seu tema em tempos em que aumenta a xenofobia na Europa e nos EUA, do que pela obra em si. Além de dar voz a uma mulher, imigrante, pobre e já de idade, figura pouco usual como protagonista, mesmo pensando no cinema europeu.
Por Gabriel Fabri