Transformers: O Último Cavaleiro
Nos últimos anos, a franquia Transformers tornou-se exemplar do que é o cinema de Hollywood, reunindo, de maneira ainda mais hiperbólica, suas principais características, herdeiras do melodrama – o maniqueísmo, o exagero, o espetáculo, o inverosímel. Diretor de Armageddon e Pearl Harbor, Michael Bay encontrou na franquia a sua oportunidade de extravasar sem amarras no uso da imaginação e da tecnologia, protagonizando sequências inteiras com lutas de robôs alienígenas computadorizados e todo o tipo de absurdo. Como o céu já deixou de ser um limite faz tempo na franquia, Transformers: O Último Cavaleiro é a quarta sequência do sucesso que, em 2007, revelou o ator Shia LaBeouf e tinha Megan Fox no elenco.
Por mais que se olhe torto para a franquia, é necessário reconhecer que requer criatividade chegar ao quinto filme de uma série cujos protagonistas são carros-robôs alienígenas. Aqui, os roteiristas viajam no tempo e trazem um prólogo na Idade Média, mostrando a interação dos Transformers com o Mago Merlin, do mito do Rei Arthur. A última pessoa dessa linhagem, a professora universitária Vivien Wembley (Laura Haddock), deve impedir que o cajado mágico do mago caia nas mãos de uma alienígena que quer utilizá-lo para destruir a Terra. A mulher terá a ajuda de um estudioso, Edmund Burton (Anthony Hopkins), e do inventor Cade Yeager (Mark Wahlberg), este perseguido pelas autoridades por ajudar os Transformers que ainda estão na Terra, após serem banidos.
Apesar de ter duas horas e meia de duração, o longa-metragem corre para dar conta dos arcos narrativos e das reviravoltas, para sobrar mais tempo para as cenas de ação. Isso faz com que O Último Cavaleiro soe um tanto apressado, sensação reforçada pela montagem, trilha sonora e cenas de ação frenéticas. Não há respiro no filme, o que não quer dizer que ele seja envolvente. Bay acerta nos momentos em que foca nos personagens humanos: Wahlberg faz bem o papel de herói e tem química com Haddock. Repetindo Logan, o herói aqui também tem uma parceira mirim, Izabella (Isabela Moner), o que também garante bons momentos. O roteiro se esforça e, no meio das intermináveis sequências de ação, a questão da mitologia também é bem trabalhada.
O Último Cavaleiro peca pelo excesso nas cenas de ação, como já era esperado. Mas tem outros problemas, como apresentar uma série de robôs, em um momento a lá Esquadrão Suicida, que não fazem a menor diferença para a trama. Um pouco mais de comedimento na construção do filme poderia tornar a experiência muito mais divertida. Mas o objetivo da franquia não é outro além de ultrapassar as barreiras do espetáculo. Mas o excesso dele, em alguns momentos, pode ter o efeito contrário. O quinto longa-metragem da franquia entretém e tem pontos positivos, em suma, mas será esquecido tão facilmente quanto os outros. No fim, tem espaço para um a lição de moral que, bem, se o filme foi até a lenda do Rei Arthur para buscar inspiração, poderia ter trabalhado um pouco mais para pensar no que gostaria de dizer.
| Gabriel Fabri