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Em Ritmo de Fuga

Carros potentes, fugas alucinantes pelas cidades, mocinhos enrolados até a cabeça com bandidos: o cinema de ação é um dos gêneros mais lucrativos da indústria de Hollywood, vide a franquia bilionária Velozes e Furiosos, mas é difícil encontrar nesses filmes um frescor que faz com que eles não soem como um repeteco de tudo o que já foi visto antes. Dirigido por Edgar Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo), Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) é uma excelente surpresa, que trabalha os elementos da ação sem grandes novidades, mas que consegue emplacar essa sensação deliciosa de se assistir a algo novo, com um nível de excelência que poucos longas-metragens atingem.

A premissa tem o seu charme: Baby (Ansel Elgort) é um garoto que, ao sofrer um acidente de carro que culminou na morte de seus pais, ficou com um zumbido crônico no ouvido. Ele escuta música o tempo todo para relaxar, e é o seu iPod que lhe dá gás para dirigir carros em assaltos a bancos, entre outras fugas. O garoto, entretanto, é um bom moço, que se envolveu com um bandido perigoso, Doc (Kevin Spacey), e agora trabalha com ele e seus capangas. Claramente um peixe fora d’água na gangue, Baby acha que poderá se livrar dos serviços após o último trabalho. Apaixonado pela garçonete Deborah (Lily James), o garoto vai descobrir que, uma vez no mundo do crime, sair não é tão fácil assim.

Usando a trilha sonora não como só complemento do filme, mas como parte da trama, Em Ritmo de Fuga ganha de cara a simpatia do público, uma vez que potencializa o recurso sonoro. Isso, é claro, não é tudo para o sucesso do filme: o roteiro bem amarrado equilibra bem a ação, o humor e o desenvolvimento dos personagens – é muito fácil se envolver com Baby, pois o herói é um bom moço descolado, e suas manias estranhas, como as de gravar todas as suas conversas para criar mix-tapes, tornam-o ainda mais interessante para o público, que torce para que ele saia da enrascada em que se meteu.

Embora pode-se argumentar que Kevin Spacey está aquém de seus talentos no papel de vilão mafioso, um personagem clichê e apagado, isso não prejudica o desenvolvimento do filme, que Elgort carrega nas costas – e com muito charme. Os coadjuvantes também não estão nada mal, a começar por James Foxx como Bats, um dos capangas de Doc. Em Ritmo de Fuga é um entretenimento de primeira que não vai deixar ninguém decepcionado.

| Gabriel Fabri