Pequena Grande Vida – Crítica
Raramente Hollywood apresenta filmes com premissas tão criativas e inusitadas quanto a de Pequena Grande Vida. O novo filme de Alexander Payne (Nebraska) é uma distopia na qual uma empresa encontrou a solução para a superpopulação global, suposta causa dos problemas ambientais, sociais e econômicos do Planeta: um procedimento que encolhe as pessoas, que passam a viver em grandes aquários, com o luxo de uma vida que não poderiam ter no mundo atual. A realização do American Way of Life sem a parte do esforço de chegar lá, a não ser se submeter à operação irreversível de “diminuição”.
Nesse contexto, um americano médio infeliz com a sua rotina monótona vê a chance de um recomeço e o suposto fim de suas frustrações no encolhimento. Paul (Matt Damon) e sua esposa Audrey (Kristen Wiig) decidem fazer o procedimento, mas quando o homem acorda, ele recebe a notícia de que sua mulher desistiu de última hora e, agora, ele está sozinho em sua mansão na Lazerlândia. Lá, ele encontra a faxineira vietnamita Ngoc (Hong Chau), que entrou clandestinamente na região após ser transformada em miniatura contra a sua vontade por organizar protestos contra o governo de seu país. Christopher Waltz completa o elenco.
Mesmo utilizando humor em algumas situações, em especial com a carismática personagem de Hong Chau, Pequena Grande Vida derrapa feio ao se preocupar apenas em passar uma mensagem ecológica importante, e outra sobre encontrar o seu propósito no mundo, e esquecer de todo o resto: o personagem principal não gera o menor carisma no público e não age como alguém que estava disposto a começar uma nova vida. Sozinho, o que poderia ser uma grande aventura é apenas uma repetição da rotina monótona de antes. E mesmo com uma viagem inesperada e o reforço da personagem de Hong na história, o filme não ultrapassa o retrato de uma vida monótona.
Um diretor excelente, um ator competente e uma ideia original nunca foram uma combinação que deu tão errado quanto em Pequena Grande Vida. O resultado é um filme monótono e sem emoção, que se arrasta para chegar em lugar nenhum. Não vale nem pela questão política, que deixa de lado o principal: quem lucra ao transformar a humanidade em peixes de aquário? E ainda: vale ou não a pena viver entre muros? Qual o perigo disto?
Por Gabriel Fabri
Pequena Grande Vida estreia no dia 22 de fevereiro. Clique e veja o trailer.