Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal – Crítica

O maior acerto que um filme biográfico pode cometer é fugir do modelo Wikipédia de cinema, que traça uma longa linha do tempo, agrupando vários momentos da vida do biografado. Outro caminho que rende resultados mais interessantes é focar em um período ou característica específica para explorá-los na obra. Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal foca no lado galanteador de um dos mais prolíficos e brutais assassinos em série dos Estados Unidos.

Esse foco é um problema? Não! O maior problema do filme é o seu tom, que se dá pelo fato do roteiro de Michael Werwie e da direção de Joe Berlinger simplesmente ignorarem o conhecimento do público em relação aos diversos crimes cometidos por Ted Bundy.

Há em diversos momentos um clima de romance e sentimentalismo no ar, principalmente quando aborda a relação de Bundy com a sua esposa, Liz Kendall, interpretada por Lilly Collins. A atriz até se esforça para entregar um trabalho interessante, porém é sabotada pelo roteiro, que oferece a ela apenas a oportunidade de fazer papel de boba o filme inteiro. Já o relacionamento do assassino com a sua amante Carole Ann Bone é abordado de maneira mais seca, o que poderia até deixar a obra menos pior se a narrativa não atirasse à Kaya Scodelário  o mesmo papel ingrato que atirou à Collins: o de ser um mero elemento para mostrar o quão manipulador e dissimulado era Bundy.

Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal gerou desconfiança na crítica pela presença de Zac Efron na condição de protagonista, felizmente, para o galã, isso não foi um problema. O ator consegue fugir dos velhos rótulos ao entregar um trabalho satisfatório, alinhado com a narrativa e demarcando bem as diversas facetas do serial killer mostradas no longa.

Todavia, a falta da exposição da faceta cruel e violenta do personagem é também um outro problema da obra. Não seria se a narrativa tivesse se mantido rígida, explorando com competência o perfil manipulador sedutor de Bundy. Mas, quando vemos nos créditos uma homenagem às vítimas do assassino, acabamos ficando pouco tocados, já que o monstro responsável por tantas atrocidades não é mostrado no filme. Ou seja, ora o longa se esquece de que sabemos quem é Ted Bundy, ora ele nos obriga que lembremos. Essa “dupla personalidade” resulta em uma produção sem brilho, que não chega a lugar algum.

Sobretudo, Teddy Bundy – A Irresistível Face do Mal é assassinado pela inabilidade em trabalhar o seu biografado e, acima de tudo, por não saber o que quer ser, acaba sendo nada. Dessa forma, torna-se uma mera oportunidade para Zac Efron se provar não apenas mais um “rostinho bonito”. Pelo menos ele conseguiu.

Por Caio Ramos Shimizu

Confira o trailer de Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal abaixo:

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Nota:
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