Era Uma Vez em… Hollywood – Crítica
Novo filme de Quentin Tarantino tem Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie no elenco
Entre os cineastas da atualidade, Quentin Tarantino é um dos que mais se destaca ao ter conseguido, ao longo de sua filmografia, construir explicitamente um estilo como “autor” de cinema. Ao lado de Pedro Almodóvar, é, sem dúvida, o cineasta mais popular entre eles. Filmes como Kill Bill e Pulp Fiction já se tornaram clássicos da cultura pop, afinal. Tido como o seu nono e penúltimo filme, se o cineasta não mudar de ideia, Era Uma Vez em… Hollywood é mais uma de suas homenagens ao cinema e ao faroeste.
Na sequência de Django Livre e Os Oito Odiados, o diretor novamente se debruça sobre o gênero do faroeste, que um dia foi o mais popular dos gêneros cinematográficos. Agora, ele não cria um western propriamente dito, mas olha para os bastidores dessas produções, acompanhando a história de um astro decadente, Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), e o seu dublê Cliff (Brad Pitt). Nessa Hollywood do final dos anos 1960, Rick mora ao lado do cineasta Roman Polanski, em alta após O Bebê de Rosemary, e Sharon Tate (Margot Robie), sua esposa, assassinada em 1969.
Tarantino se diverte com as cenas dos filmes e séries que Rick estrelou, deixando transbordar sua afetividade com o western. Entretanto, prolonga-se demais na construção da história, passando boa parte da projeção apenas para reforçar a ideia da amizade dos dois protagonistas. DiCaprio e Pitt estão ótimos nos papéis, mas o roteiro não ajuda, e se estende até que, no final do filme, Tarantino possa exibir sua marca de sangue, violência e um leve desprezo pelos fatos históricos que o consagrou. Nada de novo no front.
Longe de ser o de seus melhores filmes, Era Uma Vez em… Hollywood subaproveita o talento de Margot Robbie, que aparece pouco na tela. Sua personagem serve, na verdade, para criar uma expectativa quanto ao seu assassinato, uma jogada interessante do roteiro. Entretanto, o filme tem bons momentos com outros coadjuvantes, como Al Pacino e Dakota Fanning, além da cativante Julia Butters como uma atriz-mirim muito mais madura que Rick.
Bem-intencionado, Era Uma Vez em… Hollywood resulta em um filme fofo e saudosista, mas que não surpreende. Os diálogos verborráticos, as citações e a violência de Tarantino estão lá, mas, no geral, a obra decepciona. O diretor parece ter perdido um pouco da coragem de ousar.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Era Uma Vez em… Hollywood :