Bacurau – Crítica

Com Sônia Braga no elenco, novo filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Bacurau traz reflexão sobre o valor de uma vida

Em O Som ao Redor, o diretor Kleber Mendonça Filho mostrou um pouco das idiossincrasias da classe média urbana brasileira, além da permanência de uma estrutura social que remete aos tempos da escravidão – a presença da Casa Grande e da Senzala no nosso cotidiano. Em Aquarius, a importância da memória denuncia o embate entre preservação e progresso, simbolizado na defesa de um prédio frente ao avanço das incorporadoras. Agora em Bacurau, junto com o diretor Juliano Dornelles, Kleber continua cutucando os espinhos da sociedade brasileira, desta vez com uma pergunta: quanto vale uma vida?

Em uma cidadezinha do Oeste de Pernambuco, esquecida pelo mapa, os habitantes sofrem com a falta de água potável. O ambiente seco, pobre, no qual o único avanço por anos parece ter sido apenas a chegada de tablets e celulares, é o cenário dessa vida pacata, que só ganha atenção do poder público em época de eleição.

Entretanto, a cidadezinha tem história, simbolizada por seu único equipamento cultural. “É muito bom esse museu”, afirma, de maneira que beira a ingenuidade, uma das habitantes de Bacurau, quando um casal de turistas de passagem aparece por ali. Os forasteiros riem diante da ideia de que aquele lugar teria algo de importante para ser visto. Em sua superioridade de homens do Sul, esqueceram que o Nordeste brasileiro também faz parte da história do país, e que ali já foi terra de cangaceiros, por exemplo. Esqueceram que os pobres nordestinos são pessoas como eles, brasileiros como eles.

Vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes e trazendo Sônia Braga e Karine Telles no elenco, Bacurau já estreia figurando entre alguns dos maiores filmes nacionais da história. Menos hermético e alegórico que os filmes anteriores de Kleber, especialmente em comparação a O Som Ao Redor, e muito mais violento, o longa-metragem é impactante e envolvente como os melhores faroestes. É o filme que Tarantino gostaria de dirigir.

Mas a produção vai muito além e nos faz pensar em muitas questões globais que estão na pauta de hoje no Brasil: uma vida vale mais que outra? Todo o estrangeiro em Bacurau, do prefeito que entrega medicamentos psicotrópicos sem receita e alimentos vencidos para os moradores aos gringos, pensa que aquelas vidas não valem nada – as deles seriam mais valiosas, porque são brancos, ricos, de boa educação? São como colonizadores chegando e encontrando os índios que consideram selvagens, mas praticando eles mesmos a selvageria. O senso de superioridade dos dois forasteiros do Sul do Brasil, por exemplo, que pensam que têm mais a ver com os americanos do que com um povoado de seu próprio país e que fala a própria língua, simboliza bem isso.

No momento em que abrimos mão de riquezas como o pré-sal para os gringos e a Amazônia para as queimadas, que pedimos redução da maioridade penal, que flexibilizamos as regras da previdência social, das leis trabalhistas, da liberação de agrotóxicos e do porte de armas, estamos sendo estrangeiros em nosso próprio país, como os forasteiros de Bacurau. E afirmando também que uma vida – a dos ricos de classe média-alta? – vale mais que as outras – a dos pobres. Os desdobramentos disso estão presentes no brilhante filme de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho.

Por Gabriel Fabri

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Nota:

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