10 obras-primas do cinema brasileiro no NOW
Confira as obras-primas do cinema brasileiro disponíveis no NOW
No momento em que estamos todos confinados a fim de evitar a propagação do coronavírus, escolhemos 10 obras-primas do cinema brasileiro e que podem ser vistas no Now. Nosso critério de seleção, além de estar disponível na plataforma, foi o fato de os filmes representarem diferentes momentos da cinematografia nacional e serem reconhecidos como tendo grandes méritos tanto por parte do público da crítica.
1 – O Cangaceiro (1953). Direção: Lima Barreto
Este foi o primeiro filme brasileiro a ter grande reconhecimento internacional, ao ser premiado como melhor filme de aventura e melhor trilha sonora no Festival de Cannes, na França. Há algumas curiosidades e preciosidades nesse filme. A começar pelos diálogos escritos por Rachel de Queiroz. Também vale a pena prestar atenção na participação do cantor e compositor Adoniran Barbosa, nesse filme que conta a história da figura lendária de Lampião.
2 – Rio Zona Norte (1957). Direção: Nelson Pereira dos Santos
Nelson Pereira dos Santos foi um dos principais – senão o principal – nomes da história do cinema brasileiro. Do olhar dele, surgiram verdadeiras obras-primas. Não á toa, ele aparece três vezes nesta lista. Neste filme, brilhantemente estrelado por Grande Otelo, ele conta a história fictícia de um sambista negro do morro que é ludibriado pela figura bastante presente na música brasileira do início do século XX, que é a do “comprositor”, ou seja, pessoas que compravam a parceria de músicas, mesmo sem ter composto nada. Esse longa-metragem é muito marcante também por ser um dos primeiros a retratar a realidade dos morros cariocas.
3 – Vidas Secas (1963). Direção: Nelson Pereira dos Santos
Aqui nasce uma parceria bastante frutífera do cineasta paulista Nelson Pereira dos Santos com o romancista alagoano Graciliano Ramos, que tem seu mais importante romance adaptado de maneira sublime para o cinema. A história dos retirantes Fabiano, Sinhá Vitória, Menino Mais Velho, Menino Mais Novo e a cachorra Baleia ganha muito em dramaticidade graças a fotografia cortante de Luiz Carlos Barreto.
4 – Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964). Direção: Glauber Rocha
Um dos filmes mais admirados internacionalmente, ele foi responsável por tornar o cineasta Glauber Rocha num verdadeiro mito. Trata-se de um filme extremamente alegórico que retrata temas tão diversos quanto amor, religiosidade, misticismo e política, por meio de figuras como as do cangaceiro, do líder religioso e do político. A cena em que as personagens de Othon Bastos e Yoná Magalhães se beijam ao som das “Bachianas nº 5”, de Heitor Villa-Lobos, é um dos momentos mais sublimes da história do cinema brasileiro.
5 – O Bandido da Luz Vermelha (1968). Direção: Rogerio Sganzerla
Ícone do denominado “cinema udigrúdi” (a versão brasileira de underground), esse filme é uma maravilha! Narrado por um casal na linguagem contundente dos programas policiais das rádios popularescas, ele mostra a história baseada nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha. Valendo-se de uma grande mistura de linguagens, o filme é repleto de referências, como se fosse uma revista, e possui um ritmo avassalador.
6 – Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976). Direção: Bruno Barreto
Com a música de Chico Buarque, lindamente cantada por Simone, e atuações deslumbrantes de Sonia Braga, Mauro Mendonça e José Wilker (ainda chegará o momento em que ele será justamente reconhecido como um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos), Bruno Barreto adaptou com maestria o célebre romance escrito por Jorge Amado. Não à toa na época tornou-se o filme a atrair o maior público do cinema brasileiro, com mais de 10 milhões de espectadores. Só foi superado muito mais tarde, em 2010, por “Tropa de Elite 2”, de José Padilha.
7 – Pra Frente Brasil (1982). Direção: Roberto Farias
Eis um dos mais ácidos e contundentes retratos do regime militar no Brasil. Em pleno milagre econômico e a euforia provocada pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, os anos de chumbo faziam mais uma vítima. Um homem, incrivelmente interpretado por Reginaldo Farias (irmão do diretor), é preso por engano pelos militares e sofre torturas inacreditáveis. Extremamente angustiante, merece ser visto principalmente por quem teima em defender a volta do regime militar.
8 – Memórias do Cárcere (1984). Direção: Nelson Pereira dos Santos
Mais uma vez Nelson Pereira dos Santos conseguiu adaptar com muito brilho uma obra de Graciliano Ramos para o cinema. Aqui trata-se do livro de memórias do grande escritor, que foi encarnado de maneira incrível pelo ator Carlos Vereza, num dos melhores momentos da carreira. A obra e o filme retratam o momento em que Graciliano foi preso pelo regime ditatorial do Estado Novo, do presidente Getúlio Vargas. Mais uma prova de um país que não aprende com seus erros.
9 – Leila Diniz (1987). Direção: Luiz Carlos Lacerda
Poucas personalidades representaram a liberdade e a anarquia no Brasil dos anos de chumbo do que a atriz Leila Diniz. Ela sempre foi muito mais do que a mulher que disse vários palavrões em entrevista ao tabloide “Pasquim” e que esbanjou a barriga de grávida nas praias cariocas. E a atriz Louise Cardoso a encarnou de modo muito convincente. É uma delícia ver esse filme e reconhecer personagens célebres vividos por atores igualmente conhecidos, como é o caso de Paulo César Grande como Jece Valadão, Carlos Alberto Riccelli como Domingos de Oliveira, Antônio Fagundes como Ruy Guerra, Rômulo Arantes como Toquinho, Dennis Carvalho como Flávio Cavalcanti, e Diogo Vilela como o próprio cineasta Luiz Carlos Lacerda, igualmente conhecido como Bigode.
10 – Lavoura Arcaica (2001). Direção: Luiz Fernando Carvalho
Aparentemente, não parecia nada simples e fácil adaptar o romance do escritor paulista Raduan Nassar para o cinema. E não é que o diretor carioca, muito conhecido pelos trabalhos na televisão, mas estreando em longas-metragens, conseguiu imprimir em fotogramas toda a ácida poesia das letras? Mantendo toda a fragmentação da narrativa, o filme conta com atuações muito boas de, entre outros, Selton Mello, Raul Cortez, Luciana Carneiro da Cunha, Simone Spoladore, Caio Blat e Leonardo Medeiros.
Por Guilherme Bryan