Jovens Bruxas: Nova Irmandade
Com produção de Blumhouse, Jovens Bruxas: Nova Irmandade chega em VOD
Mais de duas décadas depois do lançamento de Jovens Bruxas, longa-metragem adolescente de Andrew Fleming, a Blumhouse produz essa continuação indireta do filme de 1996. Jovens Bruxas: Nova Irmandade, com direção de Zoe Lister Jones, traz poucas novidades em relação ao original, não tendo força suficiente para se tornar um novo cult adolescente.
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A premissa é basicamente a mesma do primeiro Jovens Bruxas. Aluna recém-chegada ao colégio, Lily (Cailee Spaeny) descobre, por influência de suas novas colegas que já são iniciadas em bruxaria, que ela é uma bruxa nata. Com o clã de quatro feiticeiras completo, elas começam a explorar os seus poderes. O veterano David Duchovny, das séries Arquivo X e Californication, é destaque no elenco, como o novo padrasto da protagonista.
O apelo do primeiro Jovens Bruxas é óbvio. Quando se é um adolescente que não se encaixa, que sofre bullying ou apenas não está entre os mais populares, ser diferente é um peso. Mas e se não fosse? A magia é uma metáfora desse poder de ser diferente e, quando uma pessoa se descobre com poder, é preciso lidar com as consequências e tentações dele. Abrace o seu poder, mas lembre-se da máxima, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.
Se o charme e a tentação de saída fácil, o poder de se conseguir o que quiser com apenas algumas palavras, são explorados à última consequência no filme de 1996, Jovens Bruxas: Nova Irmandade deixa essa reflexão para o segundo plano. Na verdade, as bruxas dessa versão 2020 são estranhamente responsáveis com o uso da magia – como se adolescentes à flor da pele tivessem um autocontrole nato. Não há nada malvado como uma garota popular que fazia bullying perdendo o cabelo, apenas homens sendo magicamente empurrados por uma força mística em momentos de raiva. Por outro lado, também não há momentos de grande euforia com a magia, como a adrenalina de correr em alta velocidade e fazer todos os semáforos ficarem verdes.
Essa ideia de bruxas adolescentes boas e responsáveis com os seus poderes soa um tanto careta e não ajuda no roteiro, que começa igual ao do primeiro filme, e depois elege um vilão aleatório para justificar o clímax. O desenvolvimento soa extremamente batido, não empolga e, muito menos, surpreende.
A novidade real de Jovens Bruxas: Nova Irmandade é acrescentar temas como bissexualidade masculina e menstruação, além de reforçar a questão da sororidade feminina: afinal, no primeiro filme, a “vilã”, se é que podemos chamá-la assim, era uma das garotas do clã (simbolicamente, a mais diferente do grupo, a gótica, algo passível de discussão nos dias de hoje). Mas o fato do vilão ser interno ao grupo, ser na verdade uma das “mocinhas”, era justamente o que desencadeava todas essas questões interessantes sobre o uso do poder. Em Jovens Bruxas: Nova Irmandade, por outro lado, temos um vilão óbvio e sem graça, assim como todo o desenvolvimento do filme. O resultado tem zero personalidade.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Jovens Bruxas: Irmandade abaixo: