Druk – Mais Uma Rodada
Indicado a 2 Oscars, incluindo melhor diretor para Thomas Vinterberg, Druk – Mais Uma Rodada chega aos cinemas
“Mais uma dose? / É claro que eu estou a fim / A noite nunca tem fim / Por que que a gente é assim?”. Caso o cineasta Thomas Vinterberg fosse brasileiro, bem que estes versos de Cazuza, Roberto Frejat e Ezequiel Neves poderiam servir de epígrafe para o novo filme dele, “Druk – Mais Uma Rodada”, previsto para chegar aos cinemas na quinta-feira, 25 de março (onde, claro, os cinemas estiverem abertos), e indicado ao Oscar de melhor diretor e melhor filme internacional. Mas Vinterberg é dinamarquês e a epígrafe, que trata da juventude e do amor, fica com o filósofo, teólogo e poeta conterrâneo Soren Kierkegaard.
Se os países escandinavos são muitas vezes associados ao grande consumo de bebidas alcóolicas, como é mencionado por Anika (Maria Bonnevie), esposa do protagonista Martin (Mads Mikkelsen), “Druk” é praticamente uma ode à birita, mostrada como uma boa saída para a desenvoltura, a união de amigos e a possibilidade de uma redescoberta dos prazeres da vida, escapando de alguns problemas profissionais e emocionais.
Mads Mikkelsen, que já havia trabalhado com Vinterberg no excelente “A Caça” (2012), está estupendo como o professor de História, Martin, que vive uma intensa crise conjugal e problemas de relacionamentos com os alunos, a ponto de gerar uma reunião com os pais deles. As duas cenas de dança protagonizadas pelo ator são algumas das de maior destaque do filme. É algo tão marcante quanto o que faz o ator Christopher Walken no videoclipe “Weapon of Choice”, dirigido por Spike Jonze.
Martin é, então, incentivado pelos amigos e colegas professores Tommy (Thomas Bo Larsen), Peter (Lars Ranthe) e Nikolaj (Magnus Millang) a consumir um pouco de álcool na festa de 40 anos do terceiro. Eles seguem a filosofia do psiquiatra Finn Skàrderud, que indica que nascem com um déficit de 0,05% de álcool no sangue, cerca de duas taças de vinho.
A partir daí, os quatro passam a consumir álcool desenfreadamente e, uma vez relaxados, a vislumbrar soluções que não estavam conseguindo enxergar para todos os problemas. Algo que, de acordo com o filme, foi praticado por grandes nomes da história como o escritor Ernest Hemingway e o político Winston Churchill. Numa das sequências mais incríveis e que tendem a se tornar referência a partir de agora, são mostrados grandes nomes da política recente mundial muito felizes e acompanhados de bebidas alcoólicas. Entre eles, Vladimir Putin, Angela Merkel, Boris Iéltsin, Nicolas Sarkozy e Bill Clinton.
O único dos quatro amigos que sofre as consequências do alcoolismo é o carinhoso professor de Educação Física, Tommy. É com ele, aliás, outras cenas bastante marcantes. Será praticamente impossível não ficar tocado com a relação dele com o garotinho apelidado de Óclinhos, que nunca é escolhido para entrar no time de futebol, mas, ao ser incentivado pelo mestre, acaba fazendo um gol. Antes da partida, enquanto canta o hino nacional, ele trata de segurar firme na mão do querido professor, como prova de união.
A Academia Cinematográfica de Hollywood já premiou, com o Oscar , muitos filmes excelentes que retratam o drama do alcoolismo, caso de “Farrapo Humano” (1945), de Billy Wilder, que levou as estatuetas de filme, direção, ator, roteiro adaptado e edição; e “Despedida em Las Vegas” (1995), de Mike Figgs, que premiou Nicolas Cage com o Oscar de Melhor Ator. E, desta vez, Thomas Vinterberg é o franco favorito na categoria de melhor filme internacional com “Druk – Mais Uma Rodada”, que mostra que o álcool pode ser também libertador.
Por Guilherme Bryan
Confira o trailer de Druk – Mais Uma Rodada:
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