Millennium: A Garota na Teia de Aranha – Crítica
Um dos nomes mais promissores de Hollywood atualmente, o uruguaio Fede Alvarez faz agora o seu primeiro tropeço na direção desde que ficou reconhecido com o remake de A Morte do Demônio. Nas mãos do jovem diretor, o clássico trash dos anos 1980 dirigido por Sam Raimi transformou-se em uma das mais assustadoras experiências do horror moderno. Em seguida, Alvarez fez bonito com O Homem nas Trevas, uma história original e perturbadora. Em ambos, o cineasta entregou trabalhos ousados, que forçavam um pouco os limites do gênero e desafiavam o estômago do público.
Agora com um grande orçamento nas mãos e a missão de criar uma nova franquia, Alvarez perdeu a ousadia e a crueldade que marcaram os seus projetos anteriores. Em Millennium: A Garota na Teia de Aranha, adaptação do romance de David Lagercrantz que continua a trilogia de Stieg Larsson, o cineasta tenta reviver a franquia iniciada com Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de David Fincher, mas acaba entregando um filme comedido demais, sem sal – o posto da trilogia sueca que conquistou o mundo.
A trama é simples: agora interpretada por Claire Foy (da série The Crown), Lisbeth, a célebre hacker que rendeu uma indicação ao Oscar para a atriz Rooney Mara, é contratada para roubar um dispositivo capaz de controlar todos os mísseis nucleares do mundo. Após conseguir por as mãos com facilidade no aparelho, ela é atacada e uma quadrilha de bandidos se apossa do dispositivo. Com a ajuda do jornalista Mikael Blomquist (Sverrir Gudnason), Lisbeth deve recuperar o aparelho, antes que eles descubram como acessá-lo.
Com uma trama simples e cenas de ação pouco empolgantes, o filme falha em vários aspectos. Primeiro, a história possui reviravoltas previsíveis, o que não é bom para uma obra com uma trama meio batida que quer se tornar uma grande franquia. Depois, Alvarez passa a largo dos seus filmes anteriores e até do filme de Fincher na criação de um universo sombrio e perturbador, o que deixa esse A Garota na Teia de Aranha ainda mais com cara de um blockbuster comum, sem um diferencial. Mas o pior é que Lisbeth e Mikael se tornaram típicos heróis bonitinhos e sem graça – ora, a graça deles era justamente que eram pessoas perturbadas, com seus demônios e conflitos internos. A dupla protagonizada por Foy e Gudnason não chega, portanto, aos pés do trabalho que Rooney Mara e Daniel Craig fizeram no primeiro filme da série.
Sem intensidade, Millennium: A Garota na Teia de Aranha resulta em um filme previsível. Parece que a ordem foi tornar a série mais palatável para as grandes audiências, deixando-a menos adulta. No fim, ela foi rebaixada a uma franquia como uma outra qualquer.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Millennium: A Garota na Teia de Aranha clicando aqui.