E agora, aonde vamos?
Em meio à avalanche de blockbusters que permeiam os cinemas brasileiros a qualquer época do ano, principalmente nas férias, muitos devem se indagar com a mesma pergunta do título do novo filme de Nadine Labaki (Caramelo). E agora, aonde vamos? (Et Maintenant, On Va Où?) é uma ótima pedida para quem quer escapar da cinegrafia comercial americana, mas que ainda busca num longa uma forma de entretenimento, diferente.
Na trama dessa produção francesa-libanesa, uma pequena cidade vive praticamente isolada do resto do mundo, e também do próprio país, o Líbano. Conseguir um sinal de TV, por exemplo, é um feito histórico do atual prefeito. Os habitantes viviam em harmonia, apesar de serem polarizados entre católicos e muçulmanos. Todavia, um engraçado acidente com uma cruz na igreja católica ou uma invasão de animais na mesquita, entre outros eventos, desencadeiam uma série de brigas entre esses dois grupos. Unidas, as mulheres do vilarejo, sejam elas católicas ou muçulmanas, tentam impedir que as notícias de guerra civil entre os fiéis das duas religiões chegam à cidade e que a harmonia entre os habitantes, agora abalada, caia por terra.
A primeira cena já é bem intrigante: as mulheres, todas unidas (e de preto), marcham para um cemitério, num movimento coreografado. Não será a última que lembra um musical ao longo do filme (mas é, de longe, a melhor e mais bem colocada). O drama dessas mulheres é suavizado por esses momentos musicais em diversos momentos, mas principalmente pelo tom de comédia durante a maior parte da projeção.
E agora, aonde vamos? funciona bem no gênero. É um filme divertido, apesar de demorar um pouco para tomar fôlego, e alto astral. A força das mulheres da comunidade (e a atuação de algumas) impressiona, assim como suas divertidas tentativas de apaziguar seus filhos e maridos, principalmente a que encerra o longa. Vale por, além de entreter, deixar uma mensagem bonita no final.