Blind
Por Gabriel Fabri
O que você faria se você perdesse a visão? Ingrid se confronta com o tédio e a solidão decorrentes dessa situação diariamente em “Blind“, do roteirista Eskil Vogt, estreante na direção. O longa-metragem norueguês foi premiado no Festival de Berlim, como Melhor Filme Europeu na Mostra Panorama, e no Festival de Sundance, onde foi considerado o melhor filme estrangeiro de drama pelo juri.
Após ficar completamente cega, a personagem interpretada por Ellen Dorrit Petersen isola-se em seu apartamento, abandona a sua carreira como professora e fica aos cuidados do marido, Morten (Henrik Rafaelsen) que nunca está presente. Sozinha em seu mundo, ela luta para não perder a sua memória visual. No vazio dessa rotina, ela imagina os encontros e desencontros de Einar (Marius Kolbenstvedt), um homem cuja vida sexual se resume a assistir a pornôs na internet, e Elin (Vera Vitali), a mulher que mora no apartamento em frente ao dele.
“Blind” chama a atenção pela montagem e roteiro ousados, propositadamente confusos, que costuram o presente de Ingrid com a sua imaginação, seus medos, lembranças e fantasias. Sem deixar claro o que é real ou não, o longa-metragem desperta – e exige – a atenção do espectador, uma vez que há muita informação no paralelo Elin e Ingrid e as suas respectivas histórias.
Nesse contexto, o principal aspecto que o filme explora é o sexual. Como a cegueira afeta o sexo? As fantasias envolvendo a deficiência, o sexo no casamento, a masturbação, o voyeurismo, o exibicionismo, o sexo online e a pornografia são itens que permeiam a história, aprofundando a sensação de vazio e solidão dos personagens e trazendo alguns dos momentos mais interessantes desse longa-metragem, que cativa pela sua marcante estranheza.