Em Pedaços – Crítica
Muitos filmes abordam o nazismo como algo do passado, circunscrito à 2ª Guerra Mundial e ao período que a antecede. Entretanto, o crescimento de movimentos neofascistas na Europa, na esteira da xenofobia diante dos imigrantes e refugiados, é inegável, e o cinema começa abrir os olhos para essa ascensão. Se em 2008, no longa-metragem alemão A Onda, de Dennis Gansel, o crescimento do fascismo parecia apenas uma distopia palpável, um perigo à cerca, agora é a realidade retratada em Em Pedaços, de Fatih Akin.
Esnobado no Oscar 2018, mesmo tendo vencendo o Globo de Ouro na categoria Melhor Filme Estrangeiro, o longa-metragem traz Diane Kruger no papel de uma mulher casada com um imigrante turco na Alemanha. O homem e seu filho de seis anos são vítimas de um atentado a bomba que muda para sempre a vida da mulher. Primeiro, ela deve provar a honra de seu marido, que a polícia suspeita estar envolvido no tráfico de drogas. Depois, deve enfrentar no tribunal os suspeitos pelo crime, que teria motivação xenófoba / neonazista.
Dividido em três partes, o longa-metragem consegue segurar a atenção do público em cada uma delas, trazendo um pedaço diferente do sofrimento dessa mãe em cada etapa de sua vida após o atentado. O foco na vítima, e não nos motivos torpes dos criminosos, faz o público sentir na pele o sofrimento dela diante de uma tragédia aleatória, motivada pelo ódio – e a incapacidade das instituições de proteger os cidadãos. O roteiro fica ainda mais interessante com a decisão de não passar panos quentes na história, trazendo duras reviravoltas e colocando um desfecho ainda mais duro para a trama.
Em suma, Em Pedaços é um filme necessário, que conta ainda com uma excelente atuação de Diane Kruger.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Em Pedaços clicando aqui.